BCE corta juros e antecipa política menos restritiva

O BCE cortou, nesta quinta-feira (12), sua taxa básica de juros em 25 pontos-base, para 3%, em resposta à inflação próxima de sua meta de 2% e a uma previsão de crescimento revisada para baixo para a zona do euro.

O corte dos juros desta quinta-feira é o quarto realizado desde junho pelo Banco Central Europeu, que também sinalizou que abandonará gradualmente sua política monetária restritiva.

"O processo de desinflação continua a avançar" na zona do euro, embora seja acompanhado por "uma recuperação econômica mais lenta" do que a projetada em setembro, disseram os 25 membros da Assembleia de Governadores, presidida por Christine Lagarde, em um comunicado.

A presidente do BCE afirmou, durante coletiva de imprensa, que a economia da zona do euro "perde impulso", em alusão à contração do setor manufatureiro e ao crescimento frágil do setor de serviços.

"As empresas freiam os gastos em investimentos diante da fragilidade da demanda e de perspectivas muito incertas. As exportações também são fracas, algumas indústrias europeias têm dificuldade em se manter competitivas", afirmou Lagarde.

Com esse corte em sua taxa de referência, o BCE está dando mais um passo em suas medidas para reduzir o custo de novos créditos para empresas e famílias. Esse ciclo segue um período de drástico aperto monetário para lidar com a inflação alta, relacionada à guerra na Ucrânia e à recuperação pós-covid.

A maioria dos observadores estava apostando nesse cenário: os guardiões do euro renunciando a um corte maior na taxa de 0,5 ponto percentual em face do crescimento mais lento e da queda rápida da inflação.

A decisão "reflete um compromisso entre os que se preocupam com o crescimento e os que se preocupam com a inflação", afirmou Carsten Brzeski, do banco ING.

- Risco de "atritos" no comércio internacional -

As novas projeções econômicas divulgadas pelo BCE nesta quinta-feira levaram a instituição a reduzir suas previsões de crescimento de 2024 a 2026 e suas previsões de inflação para 2024 e 2025.

Continua após a publicidade

De acordo com o BCE, a inflação em 2024 chegará a 2,4% (anteriormente era projetada em 2,5%), caindo para 2,1% em 2025 e 1,9% em 2026.

A instituição também prevê um crescimento do PIB da zona do euro de 0,7% em 2024, em comparação com 0,8% anteriormente, 1,1% em 2025 e 1,4% em 2026.

Lagarde também advertiu para o "risco de atritos maiores no comércio internacional", que poderiam "minar o crescimento da zona do euro, freando as exportações e fragilizando a economia mundial".

Até agora, o BCE afirmava que as taxas de juros deveriam permanecer "restritivas pelo tempo que fosse necessário" para que a inflação voltasse à sua meta.

Porém, desta vez, o BCE disse que "com o passar do tempo, o desaparecimento gradual dos efeitos da política monetária restritiva deveria sustentar uma recuperação da demanda interna".

Para Carsten Brzeski, "o abandono da referência de uma política monetária 'restritiva' permite vislumbrar a possibilidade de outros cortes das taxas [de juros] em 2025".

Continua após a publicidade

kas/smk/jvb/mb/dd/mvv/am

© Agence France-Presse

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.