Fed volta a reduzir juros, mas mostra prudência para o futuro

O Federal Reserve (banco central americano) anunciou, nesta quarta-feira (18), o terceiro corte consecutivo de sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual -- para a faixa entre 4,25% e 4,50% --, em linha com o esperado pelo mercado, mas manifestou prudência em relação ao futuro e isso afetou aos mercados.

A decisão do Comitê de Política Monetária (FOMC) do Fed não foi unânime. A governadora Beth Hammack se posicionou contra a nova redução dos juros em meio a uma recuperação dos índices de inflação.

O Fed, que revisou suas previsões macroeconômicas, assinalou, de todos os modos, que contempla apenas dois cortes de juros de 0,25% cada em 2025, menos que as quatro reduções anunciadas até agora. Também aumentou sua previsão de inflação para o próximo ano, de 2,1% para 2,5%.

Em sua entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que, embora "a inflação tenha cedido significativamente nos últimos dois anos [...], segue relativamente alta" em relação à "meta de longo prazo de 2%" perseguida pela entidade.

Além disso, assinalou que o banco central americano está "significativamente perto" de fechar seu ciclo de cortes, pois se aproxima da "taxa neutra", ou seja, o valor inofensivo para a economia, que não é impulsionada nem desacelerada pela taxa de juros de referência.

Nesse contexto, o Fed espera que a meta de 2% de inflação só seja alcançada no fim de 2026.

Esses anúncios surpreenderam Wall Street, que perdeu o que havia ganhado durante o dia e terminou em forte baixa: o Dow Jones caiu 2,58%, o tecnológico Nasdaq, 3,56%, e o S&P 500, 2,95%.

O banco central americano conseguiu controlar a inflação graças a um aumento prolongado dos juros nos últimos dois anos. Após isso, começou a flexibilizar sua política monetária para impulsionar a demanda e sustentar o mercado de trabalho.

Juros altos encarecem o crédito e, assim, desestimulam o consumo e o investimento, o que permite reduzir as pressões sobre os preços. Juros baixos provocam o efeito contrário.

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O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) teve um repique para 2,7% anuais em novembro. Enquanto isso, a outra medida da inflação nos Estados Unidos, o PCE, o índice mais acompanhado pelo Fed, será divulgado em 20 de dezembro.

A taxa de desemprego seguirá baixa e praticamente estável em 4,3%, segundo o Fed. Isso é apenas 0,1 ponto percentual acima do dado previsto para o fim do ano.

Assim sendo, a inflação persistente não deverá pesar sobre a atividade econômica, à luz dos dados do banco central.

- A volta de Trump -

Esta é a última decisão de política monetária do Fed antes da chegada de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos em janeiro.

O republicano propõe aumentos generalizadas de tarifas e a deportação em massa de milhões de trabalhadores irregulares.

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Esses planos, combinados com a retomada recente dos índices de inflação, geram temor entre os analistas. Muitos deles esperam que os juros se mantenham elevados por mais tempo que o esperado para conter o aumento de preços.

Segundo uma pesquisa com cerca de 500 empresas americanas realizada pela empresa de recursos humanos Resume Templates, 82% das companhias preveem aumentar seus preços se forem estabelecidas novas tarifas pela administração que está por começar.

Trump já anunciou tarifas de 25% aos vizinhos Canadá e México, o que poderia pressionar para cima os preços ao consumidor.

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© Agence France-Presse

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