Crepúsculo de 2024 vira uma xepa do feirão de Lira e Davi
O fim de ano em Brasília transformou-se numa xepa. Na Câmara, a liquidação deixa no chinelo o orçamento secreto. Arthur Lira enfiou na sacola milionárias emendas de comissão que não foram sequer votadas nas comissões. No Senado, Davi Alcolumbre arremata no feirão diretorias de agências reguladoras. Com pressa para aprovar o pacote de corte de despesas, o governo entra no clima de ôba-ôba.
O Planalto recebeu pedido subscrito por 17 líderes da Câmara para a liberação de R$ 4,2 milhões em emendas de comissão. Desse valor, R$ 180 milhões foram redirecionados à revelia das próprias comissões, proibidas por Lira de funcionar até o Ano Novo. Por um feitiço do acaso, 40% das verbas redirecionadas —R$ 73 milhões— foram para Alagoas, o estado do rei Arthur.
O atropelo das comissões e a ocultação dos padrinhos das verbas atrás das assinaturas de líderes partidários são métodos que vão na contramão das decisões do Supremo sobre emendas. Na área das agências reguladoras, a amoralidade e os maus costumes não são menores.
Cabe ao presidente indicar os diretores das agências. Ao Senado cabe aprovou ou rejeitar as escolhas. Pois Lula terceirizou a Davi Alcolumbre, futuro presidente do Senado, o gerenciamento do tabuleiro sobre o qual acabam de ser escolhidos 17 diretores de agências como a de Aviação Civil, a de Transportes Terrestres e até a de Vigilância Sanitária.
Normalmente, a conversão de agências reguladoras em mercadoria de xepa é só mais um sintoma da decomposição da política. Passou a ser uma temeridade depois que os apagões de São Paulo iluminaram os porões da Enel, a agência que deveria fiscalizar o setor elétrico.
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