Vice-presidente do Equador pode retornar ao cargo depois de decisão judicial favorável

A vice-presidente do Equador, Veronica Abad, que está em desacordo com o presidente Daniel Noboa, poderá retornar ao seu cargo depois que uma decisão judicial nesta segunda-feira (23) anulou uma suspensão de cinco meses, alegando que seus direitos constitucionais haviam sido violados.

"O Ministério do Trabalho da República do Equador é condenado a anular a resolução do sumário administrativo" que suspendeu Abad por suposto abandono injustificado de suas funções enquanto ela era embaixadora em Israel, disse a juíza Nubia Vera, que denunciou ter sofrido pressões e ameaças para decidir de forma oposta.

Ao reassumir suas funções, Abad poderá substituir Noboa enquanto ele faz campanha para a reeleição nas eleições de 9 de fevereiro, conforme estipulado na Constituição.

Antes de a decisão ser anunciada, Noboa disse em uma entrevista de rádio na manhã de segunda-feira que foi "um erro" ter escolhido Abad como sua companheira de chapa.

A decisão "imediata" também ordena que a ministra do Trabalho, Ivonne Núñez, apresente um pedido público de desculpas e que a vice-presidente receba a remuneração que deixou de receber como resultado da sanção administrativa.

Após o anúncio da deliberação, Abad denunciou que um grupo de militares impediu-lhe de entrar em seu gabinete.

"A Vice-Presidência da República foi militarizada para impedir a entrada da Vice-Presidente Constitucional", escreveu ela em sua conta no X, junto a imagens de soldados dentro do escritório e da porta fechada.

Em setembro, diante da escalada do conflito no Oriente Médio, Abad foi transferida para a Turquia por motivos de segurança. 

Ao suspendê-la, o Ministério do Trabalho argumentou que ela deveria estar em Ancara até 1º de setembro, mas chegou cinco dias depois.

Continua após a publicidade

"Vamos (...) analisar junto com minha equipe de trabalho no gabinete da vice-presidência" a sentença, disse Abad aos jornalistas no final da audiência, à qual compareceu carregando uma bandeira equatoriana.

Damián Armijos, advogado da vice-presidente, disse à imprensa que "ficou absolutamente claro" que Abad "nunca cometeu o delito do qual foi acusada e que o Ministério do Trabalho desrespeitou suas próprias regras, que o Ministério do Trabalho violou a presunção de inocência e agiu com uma série de irregularidades".

No final da audiência, a juíza Vera denunciou a pressão dos funcionários do Judiciário para que decidissem contra a vice-presidente.

pld/lv/mel/dd/yr 

© Agence France-Presse

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.