Sánchez chega a acordo com separatistas catalães para aprovar medidas sociais
O chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, anunciou nesta terça-feira (28) que chegou a um acordo com o partido separatista catalão Junts per Catalunya para aprovar, no Parlamento, um pacote de medidas sociais que o Congresso dos Deputados havia rejeitado recentemente.
"Após uma longa negociação, o Conselho de Ministros aprovou um novo real decreto-lei social que contém praticamente todas as medidas sociais que aprovamos no mês passado, em dezembro", anunciou o socialista em uma entrevista coletiva.
"Falamos de um total de 29 medidas, que incluem o reajuste das aposentadorias conforme o IPC, o aumento do valor mínimo das aposentadorias, os auxílios aos municípios, às famílias, às empresas afetadas" pelas inundações em Valência, assim como "os auxílios para o transporte público gratuito", enumerou, entre outras, o chefe de governo.
Sánchez, que preside um Executivo em minoria no Parlamento, costuma necessitar dos votos dos sete deputados do partido Junts per Catalunya, liderado pelo independentista Carles Puigdemont, exilado na Bélgica desde a fracassada tentativa de secessão da Catalunha em 2017, para conseguir aprovar leis.
Nas últimas semanas, no entanto, as relações entre o Governo e o Junts se complicaram, com o partido muito insatisfeito porque Puigdemont ainda não conseguiu se beneficiar da lei de anistia aprovada em troca de seu apoio à reeleição de Sánchez e porque o Executivo ainda não conseguiu que o catalão seja reconhecido como um dos idiomas oficiais da União Europeia.
Essas tensões fizeram com que o "decreto ônibus" - que incluía várias medidas sociais, mas também a transferência do palacete parisiense que abriga o Instituto Cervantes para o Partido Nacionalista Basco - fosse rejeitado na quarta-feira passada pelo Parlamento, depois que o Junts votou contra, junto com o Partido Popular (PP, direita) e a extrema direita do Vox.
Sánchez não especificou nesta terça-feira se a transferência desse edifício no coração de Paris, confiscado pela Gestapo, polícia secreta da Alemanha Nazista, e entregue à Espanha de Franco, estava incluída no novo texto.
O Junts, por sua vez, confirmou em um comunicado que chegou a um acordo com o Governo.
A formação independentista garantiu que sua proposta para solicitar ao chefe do Governo que se submeta a uma questão de confiança dos deputados - pedido feito por Puigdemont em meados de dezembro - seria estudada no Parlamento.
Sánchez, no entanto, não demorou a esclarecer o anúncio do Junts.
"Sobre a questão de confiança, efetivamente é uma prerrogativa constitucional da presidência do Governo, após deliberação do Conselho de Ministros, e já adianto que o Governo não vê a necessidade de fazê-lo", garantiu.
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© Agence France-Presse
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