Homem que queimou exemplares do Alcorão é morto a tiros na Suécia
Salwan Momika, um cristão iraquiano que morava na Suécia e que queimou exemplares do Alcorão em diversas ocasiões em 2023, o que gerou protestos em países de maioria muçulmana, foi morto a tiros em Estocolmo, informou a imprensa sueca nesta quinta-feira (30).
Cinco pessoas foram presas durante a investigação iniciada após a morte deste homem de 38 anos, afirmou o promotor Rasmus Öman à AFP.
O primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, destacou que os serviços de inteligência e segurança suecos (Säpo) "estão profundamente envolvidos, visto que há evidentemente um risco de ligação com uma potência estrangeira".
"É muito cedo para dizer o que isso representa em termos de segurança. Depende muito do que a polícia e os serviços de segurança descobrirem", acrescentou em coletiva de imprensa.
Um tribunal de Estocolmo deveria determinar nesta quinta-feira se Momika era culpado de incitação ao ódio étnico. A corte adiou o anúncio do veredicto para 3 de fevereiro "após a confirmação da morte de Momika".
A polícia informou em um comunicado que recebeu uma ligação que relatava um tiroteio na quarta-feira à noite em Sodertalje, nas imediações Estocolmo, onde Momika morava.
Quando os policiais chegaram ao local, encontraram "um homem atingido por tiros que foi levado ao hospital". Poucas horas depois, a polícia anunciou a morte do indivíduo e a abertura de uma investigação.
Segundo a imprensa sueca, Momika estava fazendo uma live nas redes sociais e é possível que o assassinato tenha sido filmado.
Em agosto do ano passado, ele foi acusado, ao lado de Salwan Najem, de "incitação contra um grupo étnico" em quatro ocasiões durante o verão (hemisfério norte, inverno no Brasil) de 2023.
A acusação afirma que a dupla profanou o Alcorão, chegando a queimar exemplares do livro sagrado do islã, enquanto fazia comentários depreciativos sobre os muçulmanos.
As relações entre a Suécia e vários países do Oriente Médio foram afetadas devido aos protestos de Momika e Najem.
Manifestantes iraquianos atacaram a embaixada sueca em Bagdá em duas ocasiões em julho de 2023 e provocaram um incêndio na representação diplomática.
Em agosto do mesmo ano, o serviço de inteligência sueco Säpo elevou o nível de ameaça para quatro em uma escala que vai até cinco, alegando que o ato de queimar o Alcorão tornou o país um "alvo prioritário".
Antes de se exilar na Suécia, as contas de Momika nas redes sociais relatavam uma tentativa de carreira política no Iraque.
Ele tinha ligações com um grupo armado cristão durante a luta contra o grupo Estado Islâmico e criou um obscuro partido político sírio.
Momika afirmou em 2023 que não tinha intenção de "prejudicar este país que (o) acolheu e preservou sua dignidade", acrescentando que queria ver o Alcorão banido na Suécia.
Ele também participou das grandes manifestações anticorrupção no Iraque no final de 2019.
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© Agence France-Presse
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