Alexandre de Moraes determina prisão do ex-presidente Collor, condenado por corrupção (STF)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, na quinta-feira (24), a prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, condenado em 2023 a oito anos e dez meses por corrupção em uma investigação derivada da Lava Jato.

Moraes "rejeitou o segundo recurso da defesa e determinou a prisão imediata do ex-presidente da República e ex-senador Fernando Collor de Mello", indicou o STF em nota enviada à AFP.

A decisão é de cumprimento "imediato" e "será levada a referendo em plenário virtual nesta sexta", acrescenta o texto.

O ex-presidente, de 75 anos, foi condenado por receber 20 milhões de reais entre 2010 e 2014, quando era senador, para "viabilizar irregularmente contratos da BR Distribuidora [então subsidiária da Petrobras] com a UTC Engenharia para a construção de bases de distribuição de combustíveis".

Sua defesa recebeu a decisão "com surpresa e preocupação", e afirmou que Collor vai "se apresentar para cumprimento da decisão determinada pelo Ministro Alexandre de Moraes", em nota enviada à imprensa.

Uma fonte do STF esclareceu que era pouco provável que a prisão fosse efetivada durante a noite. "Ninguém pode ser preso de noite. Tem que esperar. Mas ele pode se entregar na madrugada".

Segundo a nota do Supremo, Moraes argumentou que o recurso apresentado pela defesa de Collor contra a condenação de 2023 é "meramente protelatório". A partir das 11h e até as 23h59 desta sexta-feira (25), o plenário se reunirá virtualmente para referendar sua decisão.

Collor não é o único ex-presidente brasileiro a ter problemas com a Justiça. Desde o fim da ditadura militar (1964-1985), quatro dos sete ocupantes do Palácio do Planalto foram em algum momento condenados, presos ou alvos de impeachment. 

E o ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (2019-2022) está prestes a ser julgado por uma tentativa de golpe de Estado após ser derrotado nas urnas em sua tentativa de reeleição.

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Primeiro presidente eleito por voto direto depois do regime militar, Collor gerou grandes expectativas ao chegar ao poder. No entanto, renunciou à presidência em 1992 em meio a denúncias de corrupção.

Em 1989, ele derrotou nas urnas o líder esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva. Presidente entre 2003 e 2010, Lula passou 18 meses na prisão, entre 2018 e 2019, também no âmbito da operação Lava Jato. 

A condenação contra Lula foi finalmente anulada pelo STF e o líder de esquerda voltou ao Planalto em 2023.

Após renunciar à presidência em meio a protestos nas ruas, Collor conseguiu retornar à política em 2006, quando foi eleito senador por Alagoas. Ele ocupou o cargo até 2022. Naquele ano, apoiou Bolsonaro nas eleições. 

Como senador, Collor utilizava sua influência na BR Distribuidora para promover nomeações e favorecer determinadas empresas, segundo a denúncia.

jss/mel/rpr/fp

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© Agence France-Presse

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