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Combate ao Aedes aegypti precisa da colaboração de moradores, diz agente

23/01/2016 17h51

Manter a cidade livre de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, a febre chikungunya e o vírus Zika, é hoje a maior preocupação das autoridades do Distrito Federal (DF), de acordo com o diretor de Vigilância Ambiental, Divino Martins. Mas a tarefa também depende da população, segundo ele. "Muitas vezes falta o compromisso do morador em fazer a manutenção, apesar de a gente orientar, mostrar os problemas dentro do espaço dele".

Hoje (23) foi mais um dia de mutirão no DF contra o mosquito. Desta vez, as cidades escolhidas foram Núcleo Bandeirante e Gama, ao sul de Brasília. "Quando o morador acompanha o nosso agente, nós aproveitamos para fazer o trabalho educativo. Vamos explicando em cima da realidade daquele imóvel quais são as ações devem ser tomadas para conter a infestação do mosquito", destacou Martins.

Com o aumento das chuvas no Distrito Federal, a preocupação com a multiplicação do mosquito aumenta, já que uma casa inspecionada em um dia, no outro pode ter um cenário completamente diferente por causa dos temporais. O Aedes aegypti se prolifera em água parada. "[É preciso] Limpar o terreno, verificar se há pneus, latas, bacias e baldes expostos. Inspecionar os ambientes externo e interno para eliminar qualquer água parada. Hoje não tem água, mas se chover a casa pode ter uma verdadeira maternidade do inseto", comparou o diretor da Vigilância Ambiental.

Brasília - O governo do Distrito Federal realiza, no Gama, uma campanha de combate ao Aedes aegypti (José Cruz/Agência Brasil)

Moradores do Gama (DF) reclamam de água parada em depósito de lixo próximo às residências. Local pode se tornar criadouro do mosquito Aedes aegypti José Cruz/Agência Brasil

Martins destacou que larva do inseto não transmite nenhuma das doenças. Por isso, os moradores podem manusear recipientes que contenham larvas para jogar fora a água parada, sem risco de contaminação. As caixas d'água são outra preocupação dos agentes. "Elas devem estar totalmente fechadas. Meio milímetro aberto já é o suficiente para o desenvolvimento do mosquito", explicou o diretor.

Apesar dos mutirões, os moradores dizem que a ação não é suficiente. "Estamos fazendo a nossa parte, mas de que adianta entrarem nas casas e verificar se temos pneus, latinhas, vasos de planta se a menos de 200 metros daqui, há um terreno onde diariamente é jogado lixo e entulho e ninguém fiscaliza?", criticou a professora Patrícia Oliveira, moradora do Setor Sul do Gama.

Outro morador, o comerciante Antônio Ribeiro, que, na noite passada, teve a casa alagada por causa de um temporal também está preocupado. A água chegou a mais de um metro de altura e ele perdeu móveis e eletrodomésticos. "Agora aumenta a preocupação com o mosquito, mas temos todo um cuidado. Aqui observamos muito se há focos de água parada, inclusive meus filhos de 13 e 9 anos têm muito cuidado e fiscalizam tudo. O problema é que muitos vizinhos não colaboram e não temos liberdade para chegar até eles e reclamar".

Casos confirmados

Dados da Secretaria de Saúde do DF apontam que, até 18 de janeiro, foram registrados 253 casos de dengue em Brasília. O número é 110% maior que no mesmo período de 2015, quando houve 120 casos. Ainda segundo o balanço, há nove suspeitas de contaminação pelo vírus Zika em moradores da capital do País e dois casos confirmados. Um caso de febre chikungunya também foi confirmado.