Topo

Bloco dos Machucados desfila no Rio contra violência de agentes públicos

21/02/2016 20h31

Apelidado de Bloco dos Machucados, o 2º Ato carnavalesco em repúdio à violência diária do Estado ocupou hoje (21) a zona portuária do Rio de Janeiro contra a violência policial. Centenas de foliões saíram do Largo São Francisco da Prainha e caminharam até a Praça Mauá.

Para o saxofonista do "Nada deve parecer impossível de mudar" e membro do "Ocupa Carnaval", Tomás Ramos, a repressão aos movimentos espontâneos de ocupação do espaço público é fruto da privatização da cidade, mercantilização do carnaval e militarização da Polícia.

"Querem homogeneizar nossa folia. É por isso que continuamos na luta, ocupando as ruas para tentar mostrar que o direito à cidade é uma luta do cotidiano, que não vem de cima para baixo", disse ele.  "E a arte é o melhor instrumento para contestar essas questões".

Havia diferentes estandartes e cartazes e a Ala dos Machucados composta por foliões que foram agredidos pela Guarda Municipal e/ou Polícia Militar nos cortejos do carnaval.

O editor de imagens João Pedro Gila teve o braço quebrado na Praça Mauá por guardas municipais, na Praça Mauá, há cerca de duas semanas, no bloco Tecnobloco. Ele decidiu entrar com processo contra a prefeitura.

"Vou ter que ficar afastado da produtora onde trabalho no mínimo dois meses, mas terei comprometimento do braço esquerdo", disse ele. "Mas acho que o que solucionaria minha inquietude mesmo seria que repensassem a estrutura da Guarda Municipal, que desmilitarizassem a Polícia Militar, que a Polícia fosse mais voltada para a sociedade civil do que para a propriedade privada", disse ele a afirmar que a violência que sofreu não o intimidou a pular outros carnavais. "Ano que vem vou para a rua de novo".

Ao chegar na Praça Mauá, a banda da Guarda Municipal tocava "Bandeira Branca" e distribuía rosas brancas. Organizado pelo Ocupa Carnaval e a Desliga dos Blocos, o bloco também criticou a privatização dos espaços públicos e a militarização da vida urbana.

*Colaborou Carolina Barreto, repórter da Rádio Nacional