Artistas protestam no Rio contra impeachment e retrocesso na cultura
Artistas de diversas áreas protestaram na noite desta segunda-feira (28), no centro do Rio, com críticas à tentativa de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, no que chamaram de golpe político contra a democracia. O grupo se concentrou entre o Teatro João Caetano e o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ifics-UFRJ), tradicional palco de manifestações políticas na cidade. Em seguida, os manifestantes se dirigiram aos arcos da Lapa.
"Acho que isso tudo está repetindo [o golpe militar de] 1964. É apavorante, porque, naquela época, ficamos sem voz durante toda a ditadura militar. Hoje é um golpe jurídico e midiático. Será um total retrocesso. Por isso, estou na rua. Não vai ter golpe. Vamos lutar de todas as maneiras possíveis para que isso não aconteça, pois será uma tragédia", disse a atriz e dramaturga Tereza Briggs.
Segundo ela, nos governos de Lula e Dilma houve avanços na área, com destaque para a criação dos pontos de cultura, incluindo as periferias e as camadas mais pobres da população nas produções culturais.
Golpe sutil
"O que está acontecendo no Brasil é uma tentativa de retrocesso lamentável. Obviamente nenhum governo é perfeito, mas nós conquistamos duramente a democracia e precisamos lutar para que ela continue. O impeachment é um dispositivo previsto na Constituição, mas esse que eles estão pregando não tem base legal. É um golpe sutil, com aparência de legalidade. Poderá haver retrocesso na cultura, nos costumes e nos direitos dos cidadãos", advertiu a atriz e tradutora Angela Leite Lopes, professora da UFRJ.
"Estamos aqui dizendo não ao golpe, dizendo não ao impeachment. É um absurdo o que está ocorrendo neste país. Nos anos dos governos Lula e Dilma melhorou muito para nós. Fomos mais olhados, tivemos mais diálogo e muito mais possibilidades de atuar em todos os segmentos, incluindo a arte pública. Precisamos avançar muito mais, mas é um absurdo falar em golpe e impeachment. Se houver um golpe, a gente vai retroceder na cultura popular", acrescentou Ligia Veiga, da Companhia Brasileira de Mistérios e Novidades.
"Golpe é um retrocesso de qualquer forma, para a cultura e para a sociedade. Nunca imaginei que a gente fosse viver isso de novo. É algo muito triste o que estamos passando. Eu vivi muito fortemente o golpe de 1964 e isto tudo que estamos vivendo parece um grande pesadelo", disse a diretora e coreógrafa de dança Denize Stutz, que tem projetos de inserção cultural em diversas comunidades cariocas.
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