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Desalojados por temporal no Rio ocupam conjuntos do Minha Casa, Minha Vida

Estragos provocados pelo temporal ainda provocam transtornos para a população de São Gonçalo - Márcio Alves/Agência O Globo
Estragos provocados pelo temporal ainda provocam transtornos para a população de São Gonçalo Imagem: Márcio Alves/Agência O Globo

Nielmar de Oliveira

Da Agência Brasil, no Rio*

28/03/2016 16h30

Centenas de pessoas afetadas pelo temporal de quarta-feira (23) em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, ocupam, desde o dia seguinte, dois condomínios do Programa Minha Casa, Minha Vida, no bairro Jockey, que ainda não tinham sido oficialmente entregues. Por causa do temporal, uma pessoa morreu e centenas ficaram desalojadas no município. Os invasores dos imóveis saíram de diferentes bairros de São Gonçalo e ocuparam o Residencial Parque das Araras e o Parque dos Bem-Te-Vis, cada um com 499 apartamentos.

No Parque dos Bem-Te-Vis, todas as unidades foram ocupadas e cerca de 20 famílias dividem um espaço coletivo. Além de tomar os apartamentos, o grupo criou uma lista de espera própria com mais de 200 nomes. A dona de casa Cristina Xavier de Andrade, de 29 anos, perdeu a casa durante o temporal de quarta-feira e diz que não tem para onde ir com as filhas de 12 e 7 anos.

Os dois condomínios deveriam ter sido entregues em dezembro passado. Eles foram construídos pela MRV Engenharia. Em nota, a construtora informou que os dois residenciais estavam prontos para ser entregues à Caixa Econômica Federal quando tiveram as 998 unidades invadidas. "A MRV buscará os caminhos legais para a reintegração de posse, e essa ação envolve o Poder Público", diz a construtora.

A Caixa informou que os imóveis estão em fase de finalização e que se aguardava apenas a liberação dos documentos necessários para a entrega aos beneficiários. Segundo a Caixa, a construtora já adotou as providências legais para a reintegração de posse e a retomada dos empreendimentos. O banco lembrou ainda que busca sempre preservar o direito dos reais beneficiários, devidamente selecionados pelo município, de acordo com a regras do programa habitacional.

A Polícia Militar esteve no local para verificar a situação, mas informou que não houve decisão judicial para reintegração de posse.

De acordo com a prefeitura de São Gonçalo, cerca de 300 homens ainda fazem a limpeza das ruas. Equipes da Secretaria de Saúde montaram consultórios de atendimento em duas escolas públicas da região. Segundo a prefeitura, não foi registrado nenhum caso de desabrigados no município. Os 700 desalojados pelo temporal da semana passada foram abrigadas pelas secretarias de Desenvolvimento Social e Educação em três escolas municipais e em igrejas. Na Igreja de Nossa Senhora de Santana, em Itaúna, estão alojadas 48 pessoas, todas residentes no bairro Palmeiras, onde a água já baixou.

*Colaborou Douglas Corrêa