Um estudo apresentado hoje (28) pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) traz uma diagnóstico preliminar do setor diante da paralisação dos caminhoneiros. A perda do setor foi calculada em R$77 milhões. O levantamento mostra que 91,5% das indústrias do estado sofreram algum impacto: 60,1% foram muito afetadas e 31,4% pouco afetadas. Apenas 8,5% não teriam enfrentado nenhuma dificuldade em decorrência da situação. Foram ouvidas 318 indústrias entre a sexta-feira (25) e o sábado (26). Isso significa que os dados são parciais e representam o impacto até o fim da última semana. De acordo com a Firjan, os entrevistados não se mostraram otimistas com a possibilidade do fim da greve nesta semana. "Muitos declararam que, caso o panorama não mude nos próximos dias, as condições que estamos vendo seriam agravadas. Aqueles que ainda não foram impactados dificilmente ficariam sem sofrer consequências caso a greve não termine", disse Guilherme Mercês, economista-chefe da Firjan.
O levantamento mostra também que a produção foi reduzida em 42,5% do setor e em 16% foi totalmente paralisada. O maior impacto ocorreu nas indústrias de minerais não metálicos, de moda, de metal-mecânica e de alimentos e bebidas. Cada indústria consultada listou, em média, quatro impactos sofridos. O atraso ou o não recebimento de insumos foi relatado por 67,6%, enquanto 55,5% alegaram ter tido dificuldade no escoamento da produção. Outros problemas elencados foram falta de combustível, custos adicionais para garantir deslocamento de funcionários, ausência de empregados que não conseguiram chegar ao local de trabalho, aumento do preço do frete, descarte de parte da produção que não foi escoada e multas por atraso nas entregas.
Carga tributária
Na tentativa de superar o impasse com os caminhoneiros, o governo federal chegou a um
acordo com entidades da categoria. Entre as medidas, está o congelamento por 60 dias da redução do preço do diesel na bomba em R$ 0,46 por litro por meio da redução de tributos federais como a Cide e o PIS/Cofins. A Firjan manifestou preocupação com a saída apresentada. A entidade prevê que a perda de arrecadação acabará sendo compensada com o aumento de impostos sobre outros setores. A principal preocupação estaria vinculada à reoneração da folha de pagamento, projeto já aprovado na Câmara e
em análise pelo Senado. A proposta retira a desoneração, isto é, o alívio na cobrança de impostos previdenciários, de 28 setores da economia. "Num momento em que estamos com o desemprego tão alto, uma política de reoneração da folha vai fazer com que o trabalhador se torne mais caro", defendeu o vice-presidente da Firjan, Sérgio Duarte. Para Guilherme Mercês, a indústria já é muito tributada e um aumento dos impostos coloca em risco o processo de recuperação. "É importante uma visão muito mais abrangente. Precisamos de uma discussão estrutural do país, e não algo pontual do setor A, B ou C". Segundo ele, 45% do Produto Interno Bruto (PIB) das indústrias é destinado ao pagamento de impostos. A saída, em sua opinião, passa por um reajuste fiscal. "Precisamos de uma reorganização das contas públicas do Brasil como um todo, inclusive nos estado e municípios. Esperamos que a contrapartida para a redução do preço do diesel seja uma reorganização dos gastos públicos", acrescentou Mercês.
Comércio
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) também apresentou hoje (28) um balanço. As perdas do setor são estimadas pela entidade em R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão por dia. "Além dos prejuízos com o desabastecimento do comércio, provocado pelos bloqueios, a interrupção no fornecimento de combustíveis gerou também impactos secundários no faturamento. Os reflexos negativos cresceram ao longo dos últimos dias, com a grande dificuldade de movimentação de parte da população, que deixou de trabalhar, prestar serviços e consumir", informou em nota.
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