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Ipea prevê inflação maior e PIB menor para este ano

28/06/2018 13h35

A economia brasileira deve fechar o ano com crescimento menor do que o esperado do Produto Interno Bruto - PIB, a soma de todas as riquezas produzidas no país - e com uma taxa de inflação maior do que a inicialmente prevista. O PIB deve crescer 1,7%, e não 3%, como previsto em março. Os dados constam da 39ª edição da Carta de Conjuntura divulgada hoje (28) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em que os economistas fazem revisão das projeções macroeconômicas para 2018. Para o próximo ano, no entanto, o instituto mantém o crescimento de 3% para o PIB. O estudo indica que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar o ano em 4,2%, ficando um pouco abaixo da meta do governo, de 4,5%, mas superior às estimativas da carta de março, que era de 3,6%. As projeções levam em conta os aumentos de itens administrados pelo governo e o impacto provocado pela greve dos caminhoneiros sobre os preços de uma maneira geral, além da alta do câmbio, que também causou impacto sobre os preços.

Risco Brasil

A avaliação dos economistas é que a greve no setor de transporte rodoviário de cargas, que paralisou o país por cerca de dez dias, entre o final de maio e o início de junho, deverá ter forte impacto negativo sobre o PIB do segundo trimestre. "Além disso, a escassez de bens durante a greve levou a um aumento dos preços, o que provocou alta do IPCA-15, que registrou em junho aumento de 1,1%, ante a deflação de 0,2% verificada em junho do ano passado." Os economistas avaliam que o risco Brasil aumentou significativamente mais do que em outros países emergentes nos últimos meses, como mostra o Indicador Ipea de Risco Brasil. No cenário interno, a instabilidade tem estado relacionada fundamentalmente, já há algum tempo, à indefinição de como será enfrentado o problema fiscal. "Este quadro foi agravado, nos últimos dois meses, pela greve dos caminhoneiros, que representou um choque de oferta negativo sobre a economia, causou significativa perda de produto e aumento de preços e teve impactos diretos e indiretos sobre as contas públicas." Para os economistas, "há dúvida quanto ao grau de persistência dos efeitos desse choque, mas parece provável que os mesmos não se restrinjam ao segundo trimestre, uma vez que, além dos efeitos diretos sobre a produção e os preços, a greve pode ter piorado a percepção de risco dos agentes em relação ao ambiente econômico e político - já naturalmente elevada em face das incertezas do quadro eleitoral -, tornando-os ainda mais cautelosos em suas decisões de consumo e investimento". A piora na percepção de risco em relação ao Brasil, segundo a carta do Ipera, tem pouco a ver com a situação das contas externas do país, uma vez que o déficit em conta corrente brasileiro tem se mantido relativamente baixo nos dois últimos anos. "Depois de alcançar cerca de 4,5% do PIB, no início de 2015, o déficit externo baixou para 0,6% nos doze meses encerrados em maio. Os investimentos diretos no país são mais de cinco vezes superiores ao déficit em transações correntes. O volume de reservas internacionais no Banco Central (BCB) é superior à dívida externa do setor público", justificaram os economistas. A taxa de desemprego, que vinha caindo em termos dessazonalizados ao longo de 2017, parou de fazê-lo, estabilizando em torno de 12,5% da força de trabalho - patamar que ainda é mais que o dobro do que prevalecia antes da crise. A visão geral de conjuntura do Ipea é que a economia brasileira exibiu forte volatilidade ao longo do segundo trimestre e que o aumento da instabilidade refletiu uma mudança do cenário externo e uma piora das condições internas do país.