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"Houve participação minha", diz Bolsonaro sobre decisão de não realizar COP-25 no Brasil

"O país que mais preserva no mundo somos nós, agora não pode uma política ambiental atrapalhar o desenvolvimento do Brasil", disse o presidente eleito - Fábio Motta/Estadão Conteúdo
"O país que mais preserva no mundo somos nós, agora não pode uma política ambiental atrapalhar o desenvolvimento do Brasil", disse o presidente eleito Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

28/11/2018 18h29

O presidente eleito Jair Bolsonaro disse hoje (28) que teve participação na decisão do governo brasileiro de retirar sua candidatura para sediar a COP-25 (Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas), destinada a negociar a implementação do Acordo de Paris, que ocorrerá de 11 a 22 de novembro de 2019.

O Itamaraty informou ontem (24) sobre a decisão ao Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima da Organização das Nações Unidas. Bolsonaro disse que queria evitar controvérsia entre o seu governo e setores ambientalistas sobre a criação do corredor ecológico internacional Triplo A e ainda alegou restrições orçamentárias. 

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"Houve participação minha nessa decisão. Ao nosso futuro ministro [Ernesto Araújo, indicado para o Ministério das Relações Exteriores], eu recomendei para que evitasse a realização desse evento aqui no Brasil. Até porque, eu peço que vocês [jornalistas] nos ajudem, está em jogo o Triplo A. Esse acordo, que é uma grande faixa, que pega a [Cordilheira dos] Andes, Amazônia, Atlântico, de 136 milhões de hectares, ao longo da calha dos rios Solimões e Amazonas, que poderá fazer com que percamos nossa soberania nessa área.", afirmou Bolsonaro.

"Se isso for o contrapeso, nós teremos uma posição que pode contrariar muita gente, mas vai estar de acordo com o pensamento nacional. Então, não quero anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil, além dos custos, que seriam, no meu entender, bastante exagerados tendo em vista o déficit que temos no momento", disse o presidente eleito. 

A ideia do corredor ecológico Triplo A propõe a construção de um corredor ecológico ligando a região da Cordilheira dos Andes ao Atlântico, com uma extensão de mais de 200 milhões de hectares. O projeto envolveria a região amazônica de oito países (Colômbia, Brasil, Peru, Equador, Venezuela, Guiana Francesa, Guiana e Suriname), afetando mais de 30 milhões de pessoas, incluindo 385 povos indígenas. No Brasil, abrangeria os estados do Amazonas, de Roraima e do Amapá, representando 62% do território geral do corredor.

Questionado se a decisão de suspender a COP-25 poderia trazer prejuízos à imagem do Brasil no exterior, Bolsonaro voltou a criticar a atual política ambiental e defendeu uma mudança de rumo no setor.

"O país que mais preserva no mundo somos nós, agora não pode uma política ambiental atrapalhar o desenvolvimento do Brasil, nós queremos uma política ambiental de verdade. Todos nós queremos preservar o meio ambiente, mas não dessa forma que está aí. Hoje, a economia quase está dando certo apenas na questão do agronegócio e eles estão sufocados por questões ambientais, que não colaboram em nada para o desenvolvimento e a preservação do meio ambiente", argumentou Bolsonaro. 

Bolsa Família

Bolsonaro também defendeu o uso da tecnologia para fazer um pente-fino nos benefícios do Bolsa Família. Mais cedo, o deputado federal Osmar Terra, indicado para o futuro Ministério da Cidadania, havia sinalizado a necessidade de fiscalização no programa.  

"Hoje eu tive acesso a uma nova ferramenta, na busca de fraudes, é até um alerta para quem está fazendo coisa errada, de pessoas que recebem Bolsa Família e tem um rendimento acima de X por ano ou de acordo com os bens. O número foi assustador. Então, com essa nova ferramenta, nós vamos fazer um grande pente fino nesses projetos sociais, que nós queremos preservar, mas com saúde", disse o presidente eleito. 

Reforma da Previdência

Sobre a reforma da previdência, Bolsonaro admitiu que nada deve ser encaminhado este ano, mas que uma proposta do seu governo será apresentada ao Congresso Nacional. "No corrente ano, será muito difícil [a aprovação]. Com toda certeza, alguma reforma a gente vai propor para o Parlamento discutir e aprovar a partir do ano que vem", disse.