Boatos entre motoristas e insatisfação com sindicato motivaram greve em SP
Uma série de boatos entre motoristas e cobradores e a insatisfação nas garagens de ônibus causaram uma greve-surpresa, paralisaram São Paulo e impuseram o caos aos paulistanos.
Por dois dias, a cidade travou durante o movimento de trabalhadores que ficaram praticamente sem aumento real de salário por uma década e são representados por um sindicato atolado em disputas por poder.
Os coletivos deixaram de circular de vez depois da promessa - não confirmada - de que a categoria faria uma greve durante a campanha salarial deste ano.
O compromisso teria sido firmado pelo Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas) - informação que a entidade nega. Os motoristas esperavam um dia de manifestações por um reajuste de 13%.
"Eles falavam nas comissões de garagens que iam parar, fazer e acontecer, que esse ano nós iríamos para o 'pau'. Ou seja, o sindicato inflou a categoria", disse um motorista de uma linha com ponto final no Largo do Paissandu, no centro, onde a paralisação começou, na terça-feira (20). "Quando eles chegaram com 10%, mandando a gente aceitar, o pessoal se revoltou."
Segundo os motoristas, a frustração da greve não realizada e o desempenho pífio nos ganhos trabalhistas trouxeram revolta contra os dirigentes. "Foi uma greve contra o sindicato", disse outro motorista. Em dez anos, a categoria teve baixo aumento real.
No Facebook, há um vídeo que mostra um dos líderes do sindicato, Edvaldo Santiago, ex-presidente por dois mandatos e protagonista de acusações de violência e corrupção, tentando explicar por que aceitar o reajuste. Ele é acuado pelos motoristas e para de falar.
O presidente do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, confirma que defendia aumento de 13%. Disse que convocava os motoristas para ir "às ruas", mas sem falar em greve. Afirmou que, depois de uma negociação de seis horas com os empresários, cedeu. "Foi a melhor proposta possível."
No site do Sindmotoristas, a reunião que ratificou o acordo com patrões é anunciada como uma "manifestação saindo do sindicato e caminhando até a Prefeitura", sem falar em assembleia. "Mas, na sexta-feira, fomos às garagens falar da mudança. Na segunda de madrugada, também", afirmou Noventa.
'Rádio peão'
A notícia da paralisação no Paissandu se espalhou na mesma velocidade de uma série de boatos entre a categoria. A chamada "rádio peão" foi amplificada pelas redes sociais.
O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, foi acusado, por exemplo, de chamar a categoria de "vagabunda" em uma entrevista - fato que não aconteceu. O prefeito Fernando Haddad (PT) foi atacado por descumprir acordo de dar 19% de aumento à classe - outra informação desmentida.
Santiago, que aparece no vídeo, foi apontado como o mandante da greve dos dissidentes: a Santa Brígida é sua base eleitoral. Além disso, foi disseminada entre os trabalhadores uma planilha que mostrava que as empresas informavam à São Paulo Transporte (SPTrans) pagar salário maior do que o realmente recebido pelos funcionários.
O descontrole dos boatos ficou mais evidente na quarta-feira, quando Tatto disse na porta da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) que homens armados agiam nos atos.
O acordo que pôs fim à paralisação foi firmado na quinta-feira, já com a polícia na rua para garantir a circulação dos coletivos. A greve, no entanto, havia se espalhado para outras cidades da Região Metropolitana. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.