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"Não há vacina contra corrupção", diz Beltrame após prisão de PMs no Rio

No Rio

15/09/2014 15h15

O secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse na manhã desta segunda-feira (15) que lamentou o envolvimento de policiais militares com corrupção e afirmou que essas operações vão continuar. "Embora seja notícia triste para todos nós, é ação que tem de ser feita. Não há vacina contra a corrupção", afirmou. "Nós temos que continuar a fazer (as ações), e dando caráter exemplar a essas prisões e fazer com que essa incidência (da corrupção policial) diminua."

Beltrame participou de cerimônia de entrega de carros no Batalhão de São Gonçalo, no Grande Rio. Sobre a prisão do coronel Alexandre Fontenelle, indicado para a chefia do COE (Comando de Operações Especiais), Beltrame disse que não interfere nas indicações do comandante da Polícia Militar e da chefia de Polícia Civil. Ele também declarou que não se pode fazer modificações na equipe durante investigações.

"Deixo que ação de inteligência transcorra normalmente. Não se faz movimentos enquanto você tem operação em andamento. Você tem que deixar que ela se esgote", afirmou. De acordo com o secretário, as provas reunidas contra o grupo de 24 policiais, entre eles seis oficiais, parecem ter "bastante substância". "É uma operação que já sai com denúncia (feita pelo Ministério Público) e prisão de 30 dias", disse Beltrame.

Esquema

De acordo com a investigação do Ministério Público, os policiais cobravam taxas para facilitar ou não reprimir diversos tipos de serviço, sendo a maioria associada ao transporte de passageiros e de carga. Para liberar um mototaxista sem carteira de habilitação, por exemplo, os PMs exigiam pequenas quantias. Já para liberar entregas de eletrodomésticos, móveis, entre outros produtos, a propina podia chegar até a R$ 2.000.

O promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) Cláudio Calo informou ainda que o total do faturamento dos criminosos ainda está sendo calculado. Durante a operação, os agentes apreenderam quantias de R$ 267 mil e R$ 33 mil, respectivamente, nas residências de dois dos policiais presos. Foram expedidos pela Justiça 25 mandados de prisão. Duas pessoas são consideradas foragidas.

Calo explicou que a quadrilha se organizava como uma empresa de sociedade anônima. Cada policial tinha uma atribuição definida previamente: desde as equipes de policiamento ostensivo (que faziam a arrecadação nas ruas) até oficiais do comando do batalhão, responsáveis pela distribuição do dinheiro.

Os denunciados responderão pelos crimes de formação de quadrilha armada e concussão. Além disso, o MP solicitará à Corregedoria da Polícia Militar a abertura de uma sindicância para verificar a evolução patrimonial e a movimentação financeira dos réus. Se forem constatadas irregularidades, o Gaeco deve denunciar os PMs também por lavagem de dinheiro.