Tenente da PM acusa sargento de matar suspeito desarmado em SP
O sargento Marcos de Souza foi preso depois de ser denunciado por um tenente como autor do assassinato de um ladrão, que estava desarmado e deitado no chão.
A prisão em flagrante havia sido feita por policiais militares do 35º Batalhão, responsável pelo policiamento de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Na quarta-feira (27), o policial teve a prisão temporária prorrogada pela Justiça Militar.
Segundo as investigações, o policial atirou depois de receber uma ordem para algemar e levar o rapaz para a viatura, a fim de conduzi-lo à delegacia. Este é o quinto caso envolvendo PMs suspeitos de execução nos últimos três meses.
A Corregedoria da Polícia Militar apurou que David Samuel Alves da Silva, 23, dirigia uma Captiva roubada no limite de Itaquaquecetuba com a zona leste de São Paulo, quando foi localizado pelos policiais.
A perseguição só terminou depois que o suspeito bateu o carro e fugiu a pé em direção a um matagal, perto de um campo de futebol. Segundo as investigações, Silva foi cercado e se rendeu. Ele entregou uma arma para o sargento e deitou no chão com as mãos visíveis.
Na presença de outros policiais, um tenente deu ordem para o sargento Souza algemar e levar o preso para a viatura. Mas, quando o oficial se virou, o policial deu dois tiros nas costas do assaltante, que morreu na hora.
A primeira versão apresentada pelos policiais no boletim militar diz que Silva morreu depois de uma troca de tiros. Mas, antes de registrar o caso na delegacia, o tenente responsável pela equipe admitiu a outros oficiais que o sargento matara o suspeito desarmado.
A Corregedoria da PM foi chamada e apurou que o sargento Souza, depois de matar o assaltante, ainda falou para o tenente registrar o caso como intervenção policial seguida de morte.
"Chefe, qualquer coisa, foi troca de tiros", teria dito. Segundo a investigação, a postura do PM teria intimidado os colegas e, por isso, ele não foi preso em flagrante por homicídio.
Uma eventual conivência por parte dos outros PMs ainda é investigada. A Corregedoria ainda aguarda a conclusão de laudos balísticos e necroscópico, além de depoimentos de mais testemunhas. A prisão do sargento é por mais 30 dias.
Outros casos
Em 13 de agosto, 19 pessoas morreram e 5 ficaram feridas, em Osasco e Barueri, na maior chacina da história do Estado. Seis policiais militares e um guarda-civil estão presos por suspeita de participação nas mortes em série, motivadas pelos assassinatos de um PM e de um guarda dias antes.
Em 7 de setembro, dois jovens suspeitos de roubar uma moto foram perseguidos e mortos por PMs, no Butantã, na zona oeste. Um deles foi preso e jogado de cima de um telhado. Depois, acabou morto com dois tiros. O outro foi algemado e dominado na rua. Depois, foi executado. Seis PMs estão presos.
No dia 11, quatro jovens entregadores de pizza foram executados, em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Segundo a Corregedoria da PM, o grupo foi morto porque teria roubado a bolsa da mulher de um policial militar. Quatro PMs estão presos.
Em outubro, dois policiais militares foram presos depois acertar um tiro na nuca de um vigia, na zona leste, e registrar o caso como atropelamento. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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