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Interferência em cena do crime dificulta investigação de morte de advogado

24/03/2016 15h03

São Paulo - Interferências na cena do crime dificultam as investigações do assassinato do advogado criminalista Leandro Balcone Pereira, de 35 anos. A vítima foi executada a tiros na manhã de terça-feira, 22, em Guarulhos, na Grande São Paulo, e teve o corpo revirado pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), antes de a perícia técnica chegar ao escritório. Por causa da tentativa de socorro, o local também não foi plenamente preservado e, segundo informações da Polícia Civil, prejudicou a coleta de impressões digitais.

Após ser alvejado, o corpo de Balcone bateu contra uma mesa e caiu sobre alguns papéis, com nomes de clientes, cujos processos estão sendo levantados na investigação. A Polícia Civil suspeita que uma desavença entre o advogado e algum cliente seja o motivo da execução, mas ainda não encontrou indícios de desentendimento. Em um caso já apurado, o cliente de Balcone recebeu liberdade provisória após pagamento de fiança em audiência de custódia - resultado bem-sucedido, na avaliação dos investigadores.

Além da lista de clientes, os policiais recolheram um notebook e o celular da vítima. A arma do crime não foi localizada. De acordo com registro do boletim de ocorrência, policiais militares encontraram o corpo de Balcone com o rosto virado para o chão e perfurações na cabeça e nas costas. Com a chegada da equipe do Samu, a vítima foi posta de barriga para cima. O advogado foi atingido por 13 tiros de calibre 380.

Apenas uma testemunha estava no escritório na hora do crime. Aos policiais, relatou que o advogado abriu a porta para o suspeito e que Balcone e o assassino conversaram por cerca de dois minutos antes de ouvir os primeiros disparos. Também disse que o homem nunca havia ido ao local antes. De acordo com sua descrição, o criminoso é branco, com cerca de 50 anos, gordo, calvo, que usava óculos de grau, camisa azul e calça jeans. Ela reconheceu o suspeito em imagens de câmeras de segurança.

A mãe e uma tia de Balcone também foram ouvidas pela polícia, mas disseram desconhecer se a vítima estava sofrendo ameaças. Para a polícia, o suspeito agendou a visita ao escritório. Em conversa com uma amiga na manhã do crime, Balcone afirmou que esperava um cliente às 11h30 - horário em que foi assassinado.

Gravações

Imagens de câmeras de segurança que flagram o assassino é a única prova coletada até o momento. Com elas, os investigadores tentam reconstituir o percurso feito pelo criminoso. De acordo com as investigações, o assassino caminhou por cerca de 800 metros até chegar ao escritório de Balcone, localizado na Rua Marajó. Os policiais, no entanto, não conseguiram filmagens que mostram o suspeito saindo do local do crime. Há suspeita que ele tenha usado um veículo para fugir.

O advogado criminalista era suplente de vereador pelo PSB e participava de grupos contrários ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, a hipótese de crime motivado por questões políticas está praticamente descartada. "Uma eventual vendeta política, contratação para que ele fosse morto, (o assassino) não faria em plena luz do dia, indo até o escritório dele, facilitando de ser filmado, chegando no local marcando antes e com duas testemunhas presenciais. As características afastam a probabilidade de uma contratação para que ele fosse executado por motivação política", disse.