Caso da merenda: Lobista faz delação e aponta propina em campanha de Capez
O lobista Marcel Julio, personagem central da Operação Alba Branca, afirmou em delação premiada à Procuradoria-Geral de Justiça que parte de R$ 490 mil em propinas que diz ter entregue a dois aliados do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Fernando Capez, foi destinada à campanha do tucano em 2014.
A Alba Branca investiga desvio de dinheiro público destinado a merendas escolares.
Em seu relato, Marcel Julio - filho de Leonel Julio, ex-presidente da Assembleia e que também chegou a ser preso, disse que levava dinheiro em espécie para Merivaldo dos Santos e Jeter Rodrigues, ex-funcionários do Legislativo paulista.
Segundo Marcel, uma propina de R$ 490 mil supostamente relativa a um contrato da Secretaria de Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB) foi entregue aos aliados do deputado.
Marcel Julio teve prisão decretada em janeiro e se entregou na semana passada à Policia Civil em Bebedouro (interior de SP). Após o Tribunal de Justiça de São Paulo homologar sua delação, na segunda-feira, ele foi colocado em liberdade.
Capez nega que tenha recebido propinas do esquema de desvio de verbas da merenda escolar descoberto na Alba Branca.
Convocação
O líder do PT na Alesp, José Zico Prado, vai pedir a convocação do chefe de gabinete de Capez, Alexandre Zakir, para prestar esclarecimentos sobre sua relação com Jeter Rodrigues.
Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", o ex-assessor do tucano disse ter sido procurado por Zakir para combinar uma versão para o recebimento de um cheque de R$ 50 mil proveniente do esquema de propinas. "Conforme os nomes vão aparecendo, vamos convocando", disse o líder do PT. Segundo ele, as tentativas de esclarecer a participação de Capez na máfia da merenda tem parado na bancada governista, que barra pedidos de convocação dos envolvidos e bloqueia a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). "Estamos parados em 23 assinaturas (são necessárias 32) faz tempo."
Jeter Rodrigues negou ter se encontrado com o chefe de gabinete do tucano para combinar a versão. O advogado do ex-assessor de Capez, Roberto Lamari, disse que esteve com seu cliente na sala de Zakir, a pedido do chefe de gabinete, para tratar de outro assunto.
"O Zakir queria comunicar que estava abrindo uma sindicância. Não se falou em cheque e o Jeter nem entrou na sala", disse o advogado. A assessoria de Capez também nega o encontro.
Segundo as investigações, o esquema envolvia o pagamento de propina a agentes públicos e era liderado pela Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), que mantinha contratos para fornecimento de alimentos com diversas prefeituras. A empresa é acusada de fraudar a modalidade de compra "chamada pública", que pressupõe a aquisição de produtos de pequenos produtores agrícolas. A empresa cadastrou cerca de mil pequenos produtores, mas comprava de apenas 30 ou 40 deles, e adquiria também de grandes produtores e na central de abastecimento do estado, informou o MP.
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