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Casal de advogados é executado com 26 tiros de metralhadora na Lapa (SP)

Em São Paulo

11/04/2016 20h56

Um casal de advogados tributaristas foi executado dentro de casa, na Lapa, zona oeste de São Paulo, com 26 tiros de metralhadora disparados por um criminoso encapuzado. O crime aconteceu por volta das 17h30 deste domingo (10), e uma das hipóteses da polícia é de que os assassinatos tenham sido motivados por um acerto de contas.

A casa de Francisco Ferreira Medeiros Filho, 68, e da mulher, Tereza Luiza Almeida Medeiros, 45, havia sido invadida por ladrões no último feriado de Páscoa. Os suspeitos levaram os notebooks da família e artigos como relógios e joias. As duas vítimas tinham passagens por estelionato, receptação, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

O casal foi morto quando voltava da despedida de uma das filhas que tinha viagem marcada para a Irlanda, país onde faria intercâmbio. Assim que o casal estacionou o veículo na residência, na Praça Senador José Roberto Leite Penteado, o carro dos criminosos parou do lado de fora.

Um suspeito encapuzado desceu do banco do passageiro de um Volkswagen Gol, entrou na garagem quando o portão ainda estava aberto, efetuou as rajadas de metralhadora e fugiu sem levar nada das vítimas.

De acordo com o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), a advogada Tereza Luiza foi baleada com 11 tiros --a maioria nas costas-- e morreu na porta de entrada da residência. O marido também morreu no local com 15 tiros em diferentes partes do corpo. Todas as cápsulas eram de calibre 9 mm.

Um idoso de 86 anos que também vivia na casa foi baleado na perna e levado para o Hospital das Clínicas com ferimentos leves. Outros parentes que estavam dentro do imóvel não sofreram ferimentos.

A ação dos bandidos foi registrada por câmeras de segurança instaladas em ao menos quatro casas em diferentes pontos da rua. A Polícia Civil também disse que dentro do imóvel havia mais equipamentos de monitoramento. As imagens não foram divulgadas pela investigação.

Testemunha

O auxiliar de armazém Geraldo Moura de Andrade, 54, irmão da advogada, assistia a uma partida de futebol pela televisão quando foi surpreendido pelo barulho das rajadas de metralhadora.

"Todo mundo tinha ido na despedida da minha sobrinha e eu fui o primeiro a chegar em casa. Estava assistindo ao jogo e logo depois do primeiro tempo os disparos aconteceram. Foram dois barulhos muito fortes. Encontrei minha irmã caída na porta de casa", afirmou.

Segundo levantamentos iniciais do DHPP, entre os anos 1980 e meados dos anos 1990, o casal respondeu por uma série de crimes. No entanto, de acordo com o irmão de Tereza Luiza, os dois nunca haviam recebido nenhuma ameaça.

"Ele (o cunhado) não tinha desavença com ninguém. Era amigo de todo mundo." Ao ser questionado sobre o passado do cunhado e da irmã, Andrade disse que "não tinha mais nada para falar" à reportagem.

Apesar de ambos serem advogados tributaristas, de acordo com informações da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o nome deles não aparece no cadastro de inscritos da seção paulista da entidade. Marido e mulher eram sócios em um escritório na região localizado a poucos quilômetros de onde viviam.

Crime recente

Além de investigar a hipótese de acerto de contas, a polícia apura se um roubo na casa no feriado de Páscoa tem alguma relação com a execução do casal. Os moradores tinham viajado e ladrões aproveitaram para invadir o imóvel e levar notebooks e relógios de marca.

Em 2008, a família foi feita refém por um bando armado com fuzis. Na ocasião, os criminosos exigiram que o casal entregasse o cofre. Como a família não tinha, eles acabaram roubando dinheiro e produtos de valor.

De acordo com vizinhos que preferiram não se identificar por medo de represálias e policiais civis, os advogados temiam ser vítimas de mais crimes na casa onde viviam e, por isso, instalaram câmeras dentro do imóvel.

Com medo e traumatizados com a violência do crime, os vizinhos da família preferiram não comentar. Até a tarde desta segunda, a polícia não tinha prendido nenhum dos criminosos.