Abraji homenageia Elvira Lobato e Alberto Dines
"Não existe homenagem mais importante que a dos colegas", disse Elvira, ao receber o prêmio pelo conjunto de seu trabalho, durante mais de quatro décadas de carreira em órgãos de imprensa como o Jornal do Brasil e a Folha de S.Paulo.
No evento, Elvira relatou ter recebido de geólogos, a quem ajudava a produzir um jornal do sindicato da categoria, a informação que levou a uma de suas mais importantes reportagens: a localização de um poço para testes nucleares na Serra do Cachimbo, no Pará, em 1986. Na época, os militares ainda trabalhavam em um programa secreto para que o Brasil desenvolvesse sua bomba atômica.
Em 2008, Elvira foi alvo de 116 processos movidos por fiéis da Igreja Universal, por causa de reportagem na qual expôs o poderio econômico da entidade. O trabalho recebeu o Prêmio Esso de Jornalismo. Nenhuma das ações foi vitoriosa na Justiça, mas o desgaste sofrido no assédio judicial acabou colaborando para a decisão da repórter de se aposentar, em 2011.
Elvira traçou um paralelo entre sua situação e a dos repórteres do jornal Gazeta do Povo, do Paraná, que são alvo de dezenas de ações em todo o Estado por terem publicado os salários de juízes em uma reportagem. "É algo muito covarde", afirmou.
Alberto Dines, com problemas de saúde, foi representado no evento por sua esposa, Norma Couri, que leu uma carta de agradecimento. Ele foi agraciado com o Prêmio Abraji de Contribuição ao Jornalismo, pelo trabalho de duas décadas à frente do Observatório da Imprensa.
A programação prossegue nesta sexta-feira, 24. Marina Walker Guevara, diretora do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), falará sobre a experiência de coordenar a investigação internacional sobre os Panama Papers. Carmen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal, participará do encontro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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