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Cardozo: defesa de Dilma pode ir ao Supremo, mas antes quer investir no Senado

30/06/2016 17h41

Brasília - O ex-ministro José Eduardo Cardozo, responsável pela defesa da presidente afastada Dilma Rousseff no processo de impeachment, disse que, apesar de destacar que ainda quer investir para convencer os senadores de que não há base jurídica para o afastamento da petista, caso ela seja derrotada, é possível que a defesa recorra ao Supremo Tribunal Federal (STF). "Se houver algum momento que não acreditarmos que não seja feito um julgamento justo, nós vamos ao Judiciário", disse, em coletiva de imprensa no Palácio da Alvorada.

Cardozo disse ainda que não quer que o País tenha a pecha de que o Supremo corrigiu o que fez o parlamento e disse confiar no Congresso Nacional. "Eu prefiro investir no poder legislativo, não quero que um poder invalide o que o outro ainda não teve como fazer", disse. "Eu confio no parlamento, não creio que deva ser o Judiciário que barre esse 'golpe'", completou.

Ele rechaçou ainda que está "numa luta perdida". "Quando se luta pela causa certa, nunca se perde a causa antes da hora. Eu acredito no meu País e na democracia. Só se joga a toalha no momento em que se perde", disse.

O ex-advogado-geral da União afirmou ainda que há provas consistentes de que a presidente Dilma não cometeu crimes de responsabilidade fiscal e destacou que, em todos os depoimentos prestados no Senado, seja de acusação ou de defesa, "caracterizaram a inocência de Dilma". "Nenhuma discrepou, todas falaram as mesmas coisas, por incrível que pareça", disse.

Cardozo afirmou que ainda terá uma conversa com Dilma para definir se ela irá ou não pessoalmente ao Senado. "Só após o laudo complementar da perícia é que vamos avaliar", disse.

Cunha

Cardozo falou que, além do "claro desvio de poder" do processo aberto inicialmente pelo então presidente da Câmara Eduardo Cunha "por vingança", se mostrou ainda mais contaminado com os áudios de peemedebistas. A defesa espera uma posição do STF para juntar as conversas do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com peemedebistas no processo.

Cardozo disse que não caberá a ele fazer as tratativas políticas para tentar convencer os senadores a votarem a favor de Dilma. "A parte política deixo encarregada para quem quer cuidar dela", disse. Ele ressaltou que sabe que "alguns senadores podem estar contaminados e querem o golpe". "Não vou nominar, mas a grande maioria dos senadores tem razoabilidade como parâmetro", ponderou.

Provas

O advogado de Dilma comentou ainda o resultado da perícia feita a pedido da defesa e disse que ela "até surpreendeu favoravelmente em vários aspectos". "A perícia não afirma se há crime ou se não há", disse. "Eu deduzo da perícia que está claro que está descaracterizado o dolo", disse. Segundo ele, a perícia descaracteriza as pedaladas porque "não houve ato", já que Dilma não era responsável pelas decisões da Fazenda, e que no caso dos decretos "não houve dolo".

O ministro afirmou estar seguro de que as provas levantadas pela defesa estão consistentes. Ele disse que juntou aos atos declarações da atual líder do governo de Michel Temer, senadora Rose de Freitas, que tanto no Plenário do Senado quanto em entrevista afirmou que não acreditava na tese de que as pedaladas eram responsáveis pelo processo de impeachment. Segundo o ministro, as falas de Rose já foram incluídas pelo relator da Comissão de Especial de Impeachment.

No final da coletiva, Cardozo brincou com a imprensa que poderia continuar a atender para sanar dúvidas de jornalistas com tranquilidade. "Sou desempregado, com uma cliente só", brincou.