Pistoleiros apontam fuzis para ônibus de crianças
Em vez de crianças, os motoristas Petronilho e Lenilson levaram um recado de pais ao diretor da escola, José Roberto da Silva: os filhos só voltariam a estudar se tivessem segurança de que nada aconteceria pelo caminho. Desde o ano passado, pistoleiros ameaçavam os motoristas. Crianças relataram que encapuzados apontavam armas para os ônibus. Com medo dos pistoleiros que aterrorizam o Vale do Jamari com assassinatos, assaltos, destruição de casas e toques de recolher, os pais decidiram trancar os filhos em casa.
O diretor da escola insistiu, mas, no dia seguinte, novamente os ônibus voltaram sem alunos, mas levaram um grupo de pais. No colégio, os pais contaram o pavor que estavam vivendo. O diretor José Roberto fez um relatório com as queixas. O documento registra a situação tensa e que "agora fugiu do controle".
Foram duas semanas sem que as crianças do Terra Prometida pisassem na sala de aula. Para tentar reverter a situação, a diretoria da escola procurou o Conselho Tutelar de Ariquemes, a Secretaria de Educação do Estado e o Ministério Público. Diretor do colégio há um ano, José Roberto diz que só viu tensão igual no auge da exploração do Garimpo Bom Futuro, que já foi considerado a maior mina de cassiterita do mundo, aberta em 1983. No ano 2000, mais de 4 mil garimpeiros ainda trabalhavam no local. Hoje, a exploração é feita por empresas, com o uso de máquinas.
Quando o Conselho Tutelar buscou ajuda da Polícia Militar para ir até o Terra Prometida, ouviu que os agentes não os acompanhariam porque a região é "muito perigosa". No relato dos conselheiros, a polícia alertou que jagunços da fazenda tinham "armamento pesado do tipo fuzil AK-45, pistola, metralhadora, colete à prova de bala e rádio de comunicação" e que os conselheiros corriam risco de morte.
Sem segurança, os integrantes do Conselho Tutelar seguiram para o assentamento e encontraram as casas fechadas. Era hora do toque de recolher. Na visita, pegaram o relato da moradora Niete e sua filha Naiara, de quatro anos. Os bandidos passaram na casa dela e mataram o cachorro. "A criança ouviu os tiros. Os pistoleiros encapuzados mostravam as armas para ela."
A Polícia Civil passou a fazer rondas no caminho das crianças. Responsáveis por assentamentos do Incra, Polícia Federal e Ministério Público Federal não se mexeram. "Aos poucos, alunos começaram a voltar", diz José Roberto. "Ainda há muito medo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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