Atendimento antirrábico no País aumenta 18% em cinco anos
Boletim epidemiológico divulgado neste mês pela pasta mostra que, nos cinco anos analisados, cerca de 3 milhões de pessoas no País - uma por minuto - foram atacadas por cães, gatos e outros animais, e precisaram de algum tipo de atendimento que diminuísse o risco de contaminação pela raiva.
Vários procedimentos podem ser adotados quando uma pessoa é exposta a uma mordida, arranhão ou outro tipo de contato. Em 50,4% dos casos, foi administrada a vacina antirrábica e feita a observação do animal por dez dias para a verificação de aparecimento de sintomas da doença.
Em 21,7% dos atendimentos, a opção foi apenas pela observação do animal, o que ocorre quando o bicho é conhecido e tem todas as vacinas em dia. Em 15,4%, foi administrada só a vacina, uma vez que nem sempre o animal pode ser observado - principalmente em casos de animais silvestres ou desconhecidos. Em 8%, além da vacina, foi usado soro, que já confere imunidade instantânea para o vírus e costuma ser usada em casos de ferimentos mais graves provocados por animais silvestres.
A região Sudeste teve o maior número de notificações do tipo, com 1,1 milhão de atendimentos, seguida pelo Nordeste, com 807 mil casos.
As crianças foram as que mais buscaram atendimento antirrábico. Do total de pessoas que procuraram o serviço de saúde, um terço era menor de 14 anos.
Em dezembro, o pequeno Gustavo, com 2 anos e 4 meses, foi vítima de uma mordida inesperada de um labrador de amigos da família. "Estávamos brincando com o cachorro, fazendo carinho. Ele deitou e, do nada, avançou e mordeu meu filho. Disseram que ele nunca tinha mordido ninguém", conta a fotógrafa Gabriela Trevisan, de 33 anos, mãe de Gustavo.
Muito machucado no rosto, o menino foi levado ao hospital, mas como o cão era conhecido e tinha todas as vacinas, os médicos optaram por não dar a vacina antirrábica e só observar o animal. "Deram vacina antitétano, fizeram curativos e ele saiu com prescrição de um antibiótico para evitar infecções", conta Gabriela.
Presidente do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro, Tânia Cristina Petraglia ressalta que, mesmo quando o animal tem as vacinas em dia, a melhor opção é imunizar quem foi mordido, principalmente quando o ferimento for no rosto ou nas extremidades. "São áreas que o vírus consegue penetrar com mais facilidade. E a vacina no animal não dá 100% garantia de que ele não vá desenvolver a doença", recomenda.
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