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Viúva de Amarildo registra queixa na polícia contra campanha de Crivella

27/10/2016 13h54

Rio de Janeiro - A viúva do auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido na favela da Rocinha, Elizabete Gomes da Silva, registrou queixa na 11ª Delegacia de Polícia (Rocinha), na manhã desta quinta-feira, 27, contra a campanha do candidato à prefeitura do Rio, Marcelo Crivella (PRB). De acordo com o advogado de Elizabete, João Tancredo, uma equipe do candidato foi à comunidade na noite de terça-feira, 25, e a coagiu a dar declarações contra o candidato do PSOL à prefeitura, Marcelo Freixo (PSOL).

Segundo Tancredo, os integrantes da campanha de Crivella deram R$ 190, alegando ser uma forma de ajudá-la, já que se trata de uma família carente. Elizabete imediatamente saiu para comprar drogas e de volta à sua casa, entorpecida, foi, de acordo com o advogado, induzida a acusar Freixo de irregularidades no repasse de recursos levantados em 2014 para a família.

Amarildo desapareceu em julho de 2013, após ter sido detido por policiais militares, na porta de sua casa, na Rocinha. Ele foi levado para a Unidade de Polícia Pacificadora da comunidade e nunca mais apareceu. Em um dos debates com Freixo, Crivella insinuou que o candidato do PSOL teria se beneficiado da indenização recebida pela família de Amarildo. "Onde está o dinheiro da viúva do Amarildo, Freixo, que a ONG arrecadou, mas ficou com 70% e depois foi grande doadora de sua campanha?", questionou.

A acusação contra Freixo se refere a um leilão realizado pela empresária Paula Lavigne, que arrecadou R$ 359 mil. Deste total, R$ 186 mil foram doados à família de Amarildo e o restante foi destinado a entidades de defesa dos Direitos Humanos, como Grupo Tortura Nunca Mais, Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, entre outras. Essas informações constam no site "A verdade sobre Freixo", criado para desmentir boatos relativos ao candidato do PSOL.

Em nota, a equipe de Crivella confirmou que esteve na Rocinha para gravar entrevista com Elizabete, depois de ser procurada pela Associação de Moradores do bairro. "Elizabete não estava sob o efeito de álcool e não houve consumo da substância por parte de ninguém durante toda a entrevista", diz o texto. Ainda segundo a nota, a campanha de Crivella "buscará entender a razão que motivou Elizabete ter ido à delegacia e inventado que deu entrevista sob efeito de álcool". "Repetimos: a conversa foi sugerida e autorizada por ela. Depois desse entendimento, as medidas legais cabíveis serão tomadas".