Doutores da Alegria põem hospitais no ritmo de carnaval
Na manhã de segunda-feira, 21, no Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, o pequeno Jackson, de 9 anos, era um dos mais empolgados foliões a seguir o cordão pelos corredores da instituição. Do quarto até a brinquedoteca, o menino era uma alegria só para quem estava há 11 dias internado, por causa de uma pneumonia. "Ele ama essas coisas. Foi atrás dos músicos e ficou todo feliz. É bom porque dá uma melhorada até no tratamento", avalia sua mãe, Maria Sebastiana da Silva, de 26 anos.
Os médicos concordam. "Quando a criança fica mais animada, mais bem-humorada, ela colabora mais com o tratamento. E isso ajuda na própria recuperação, é algo comprovado", afirma o pediatra Guilherme Trudes de Oliveira, do Santa Marcelina. "O hospital é, por natureza, um ambiente tenso e complicado. As ações dos Doutores da Alegria trazem uma leveza e uma descontração. Todo mundo brinca com todo mundo." Oliveira ressalta que não são só as crianças que ganham com a trupe: os médicos e enfermeiros também acabam ficando mais felizes. Prova disso é que o próprio doutor mostrou ser bom no ziriguidum e dançou com os foliões.
Com apenas 2 anos de idade - e há um ano lutando contra um tumor no rim -, Gabriel também aprovou o barulho carnavalesco do hospital. "Ele gosta de música, adora um instrumento de percussão", disse a sua mãe, a cozinheira Silvia Leticia Pereira Alves, de 38 anos.
Para as ruas. A versão paulistana do bloco carnavalesco dos Doutores da Alegria foi criada neste ano, mas copia o que já acontece no Recife. "Lá, há dez anos os Doutores têm um grupo chamado Bloco do Miolinho Mole", conta o diretor artístico da organização, Ronaldo Aguiar. "Foi uma maneira que encontramos de nos aproximar da cultura local. Como aqui em São Paulo o carnaval de rua tem crescido, decidimos seguir o mesmo caminho."
Nos planos do grupo está sair às ruas no carnaval de 2018. "No Recife começamos no hospital e hoje também estamos no centro histórico. Vislumbramos movimento parecido aqui em São Paulo", adianta. Aguiar diz que o objetivo do Broco do Riso Frouxo é "subverter um pouco a realidade hospitalar". "Tratamos tudo com humor, para que aqueles que trabalham naquele universo também entrem nesse clima", explica. "Dentro dessa lógica, o carnaval é perfeito: trata-se de um evento que remete à memória, à alegria. No carnaval, todos colocam desejos e fantasias para fora, entram em um universo lúdico."
Um concurso de marchinhas foi realizado entre os integrantes do grupo para eleger as músicas que seriam tocadas. Além da citada, ganharam outras duas. Uma diz: "A gente dança errado/ A gente se atrapalha/ Nós tarda/ Mas não falha". E a outra: "O cachorro late/ O gato mia/ Este é o bloco/ Dos Doutores da Alegria". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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