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Uber 'bloqueia' bairros no Recife por risco de violência

Monica Bernardes

Recife

24/04/2017 20h55

Diante do aumento de casos de assaltos e outros tipos de crime contra motoristas do aplicativo Uber, na região metropolitana do Recife, a empresa anunciou nesta segunda-feira, 24, o bloqueio do serviço em algumas áreas da capital e cidades vizinhas. A medida foi vista com surpresa por usuários, mas com alívio por parte de motoristas.

Nos locais de abrangência do bloqueio, quando um usuário tenta solicitar o serviço, recebe a mensagem de que "a Uber não está operando nesta área". A medida, no entanto, não evita que corridas iniciadas em outros pontos sejam finalizadas em bairros e localidades "bloqueadas".

Um dos primeiros bairros atingidos pela medida é o de Joana Bezerra, localizado na região central do Recife. Conhecida pelo alto índice de criminalidade, incluindo pontos de venda e consumo de drogas, a localidade é temida não só pelo Uber, mas também por taxistas, motoristas de ônibus e de carros particulares. Segundo informações extraoficiais repassadas por motoristas do aplicativo, pelo menos outros cinco bairros devem receber o bloqueio nos próximos dias.

"Infelizmente esse problema dos assaltos, com morte de motoristas, tem crescido bastante, especialmente depois que passamos a receber o pagamento em espécie. Nessa modalidade, não há a exigência de identificação do usuário e isso nos deixa muito mais expostos", destacou José Hugo Cordeiro, que trabalha dirigindo pelo aplicativo há 10 meses.

Usuário da Uber há cerca de um ano, o estudante Raoni Conceição, morador de uma comunidade carente da zona sul do Recife, não gostou da iniciativa. "Eu moro em uma comunidade que não é comumente atendida por táxi e o serviço de ônibus é muito ruim. Dois motoristas me falaram que o serviço vai ser bloqueado lá, assim como já foi na Joana Bezerra. Entendemos a preocupação dos motoristas, mas deveríamos nos unir para cobrar segurança do poder público e não sacrificar uma população inteira, que acaba sendo marginalizada", reclamou.

A reportagem tentou entrar em contato com a Uber, mas não obteve retorno.