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Advogado foragido 'lavou' dinheiro na Galícia, diz Espanha

Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht - Reprodução
Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht Imagem: Reprodução

Jamil Chade, enviado especial

Andorra

19/09/2017 08h44

Investigações conduzidas pelas autoridades de Andorra e da Espanha apontam que o advogado Rodrigo Tacla Duran usou povoados na região da Galícia como sede de empresas de fachada que fizeram transações milionárias e pagamentos a políticos. Os dados fazem parte de processos obtidos pelo jornal "O Estado de S. Paulo" que estão em andamento na Justiça de Andorra. Os documentos também confirmam que os bancos do principado já sabiam da relação entre as empresas de fachada e a Odebrecht desde 2011.

Considerado como foragido pelas autoridades brasileiras, ele acabou sendo detido em hotel de luxo de Madri. Mas, para evitar uma extradição, Tacla teria se oferecido para cooperar com as investigações e, na esperança de obter informações sobre empresas espanholas, o Ministério Público local iniciou um processo de aproximação.

Na semana passada, o jornal revelou que Tacla Duran movimentou por meio de suas empresas mais de R$ 100 milhões, entre 2010 e 2014. Boa parte desse montante foi repassado por empresas investigadas na Operação Lava Jato, conforme relatório do Ministério Público Federal. Os valores não contabilizam os repasses da Odebrecht, para quem, segundo a própria empreiteira, Tacla Duran atuava como operador financeiro no exterior.

Por enquanto, os dados repassados pelo Brasil às autoridades espanholas indicam que ele estaria envolvido em onze empresas de fachada. Elas teriam sido criadas para realizar pagamentos de propinas. O dinheiro ainda passava por contas em Cingapura, Suíça e no Panamá.

Mas uma das principais suspeitas aponta para propinas pagas usando contas secretas em Andorra e empresas em pequenas cidades do norte da Espanha. Uma das empresas de fechada administradas por Tacla era a Vivosant Corporation, pela qual se suspeita que tenham passado mais de 17 milhões de euros (R$ 63,4 milhões).

Ela recebeu em uma conta secreta em Cingapura em 2010 pelo menos 12 milhões de euros (R$ 44, 7 milhões) da Constructora Internacional del Sur, apontada nas investigações da Lava Jato como peça importante no esquema de distribuição de propinas na América Latina.

Teria sido da Constructora que ex-executivo da Odebrecht Fernando Migliaccio, detido em Genebra em fevereiro, teria também pago propinas e movimentado mais de US$ 40 milhões (R$ 125 milhões).

No registro comercial espanhol, a empresa Vivosant se apresenta como uma "consultoria e projetos de reciclagem industrial". Sua sede está na rua Manuel Quiroga, na pequena cidade de Pontevedra, na Galícia.

Outra empresa de fachada que também é suspeita de ter sido utilizada como mecanismo de pagamento de propinas foi a Gvtel Corporation, supostamente do setor de telecomunicações. Sob a gestão de Tacla, a empresa registrou transações de quase US$ 30 milhões (R$ 93,7 milhões).

Praia

O que chamou a atenção dos investigadores é que a empresa teria seu endereço na praia de Poio, também na Galícia e com apenas 16 mil habitantes. Os investigadores de Andorra indicam que Tacla queria "abrir em Andorra o serviço de faturação para o Brasil, que o daria uma empresa do grupo Odebrecht, por meio de um contrato de assessoria financeira". As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".