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'Governo de esquerda ou de direita vai ser instabilidade', diz Aldo Rebelo

Felipe Frazão e Vera Rosa

São Paulo

27/09/2017 13h45

Depois de 40 anos no PC do B, o ex-ministro e ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo assinou nesta terça-feira, 26, a ficha de filiação ao PSB. Com discurso de candidato a presidente, criticou "excessos de corporações iluminadas", em referência à Lava Jato, e pregou uma aliança ampla com partidos de centro para a sucessão de Michel Temer. A seguir trechos da entrevista exclusiva dada por Rebelo ao jornal O Estado de S. Paulo.

O senhor será o candidato do PSB a presidente?

Já falaram que posso ser candidato a presidente, a senador, a vice-presidente... Embora ninguém entre num campeonato já pensando em ser vice.

Uma ala do PSB defende aliança com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que prega conciliação. O sr. ajudará no diálogo?

Estou chegando agora... Alckmin não é um homem que anda destilando ressentimento.

Temer elege sucessor?

Não creio. A sucessão em 2018 vai fugir da polarização entre PT e PSDB. Todo mundo será terceira via. A Lava Jato se encarregou de quebrar a polaridade. O PT e o PSDB passaram por processo de desconstrução.

O caminho é de centro?

Tem gente que acha que o centro desapareceu. Não é verdade. O centro no Brasil é muito grande para ser descartado na governabilidade, está em vários partidos e principalmente fora dos partidos, não é um conceito ideológico. É o eleitor que não se identifica com o "anti" nada e quer solução para os problemas. É isso que as pessoas vão procurar em 2018. Um governo de esquerda ou de direita no Brasil vai ser sinônimo de instabilidade. Quem achar que vai ser uma polarização entre golpista e antigolpista, petista e antipetista, não apontará solução.

O PSB pode voltar a apoiar o ex-presidente Lula em 2018?

Não vejo como partir de um nome se você busca um movimento de união mais amplo na política. O PSB não pode ficar subordinado ao PT nem a nenhum partido. Tem que construir alianças sem ser parte de outro projeto partidário.

Ao assinar a filiação, o sr. falou que "corporações iluminadas estão tomando o lugar da política". A quem estava se referindo?

Ao Ministério Público, ao Judiciário, à Polícia Federal, que cumprem um papel importante na luta contra corrupção, mas muitas vezes alguns integrantes extrapolam para um domínio de atribuições que não são deles. E a corporações privadas também.

O sr. fala da Lava Jato?

Não só da Lava Jato. Acho um absurdo terem gravado e revelado uma gravação da presidente da República. Um escândalo. Agora mesmo esses procedimentos que resultaram na prisão de um procurador e no pedido de prisão de outro.

O que dá força a um governo tão impopular?

Temer governa muito próximo do Congresso. E não vejo nenhuma força política disposta e lutando para substituí-lo.

E por que não?

Porque ninguém vê uma solução imediata.