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Moro diz que Lava Jato em Curitiba está 'indo para o final'

Moro chegou ao local por volta das 10h em uma caminhonete branca escoltada por seguranças da Justiça Federal - Foto: Agência Brasil
Moro chegou ao local por volta das 10h em uma caminhonete branca escoltada por seguranças da Justiça Federal Imagem: Foto: Agência Brasil

Julia Affonso, Luiz Vassallo e Fausto Macedo

São Paulo

02/10/2017 16h45Atualizada em 02/10/2017 19h29

O juiz federal Sérgio Moro disse nesta segunda-feira, 2, que a Operação Lava Jato em Curitiba - base e origem da grande investigação - "está indo para o final".

"Em Curitiba a investigação sempre foi sobre os contratos da Petrobras que geraram valores e as pessoas que pagavam (propinas). Grande parte já foi processada. As que recebiam e não tinham foro privilegiado, igualmente. Daí a minha afirmação de que acredito que está indo para o final em Curitiba."

Moro é o magistrado símbolo da Operação Lava Jato. Há mais de três anos e meio, o juiz da 13.ª Vara Federal, de Curitiba, autoriza os avanços da maior investigação contra a corrupção já aberta no País.

Nesta segunda-feira, 2, ele foi homenageado em São Paulo pela Universidade Notre Dame com a mesma láurea já concedida à madre Teresa de Calcutá.

A universidade definiu Sérgio Moro como alguém "comprometido em nada mais que a preservação da integridade de sua nação através de sua aplicação firme e imparcial da lei".

"Ao abordar os problemas perniciosos da corrupção pública de forma judiciosa, porém diligente, o Dr. Moro fez uma acentuada diferença para todos os brasileiros, e para a humanidade em geral, no que se refere a nossa sede universal de Justiça. A Universidade também reconhece e elogia o serviço público do Dr. Moro como o 'juiz dos velhinhos', cujas decisões refletiram empatia e compreensão aos idosos", afirma a Notre Dame.

Além de madre Teresa de Calcutá, já foram premiados os humanitários Jimmy e Rosalyn Carter, dos Estados Unidos, o historiador e ativista Andrea Riccardi, da Itália, e o membro parlamentar Helen Suzman, da África do Sul.

"Os homenageados previamente com o Prêmio Notre Dame, cada um à sua maneira, atuaram como pilares de consciência e integridade, suas ações beneficiando seus compatriotas e, através de seus exemplos, o mundo inteiro, quando se comprometeram com a fé, a justiça, a paz, a verdade e a solidariedade com os mais vulneráveis", informa a Universidade.

"Traficante dá menos trabalho"

O juiz também afirmou durante o almoço que julgar grandes traficantes de drogas "dá menos trabalho" que julgar os réus da Operação Lava Jato - empreiteiros e políticos poderosos, condenados por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

"Eu até falei brincando outro dia, que a gente estava 'doido' para voltar a julgar grandes traficantes de drogas. Dá menos trabalho."

O juiz admitiu que está "cansado" de conduzir tantas ações da Lava Jato na 13.ª Vara Federal de Curitiba, de sua titularidade. Mas afirmou que não pretende parar. "É verdade que estou cansado. Tem sido um trabalho duro, mas não há nenhuma previsão concreta de eu deixar a 13.ª Vara."

Corrida eleitoral

O juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, disse ainda que "não é da sua responsabilidade" o fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva eventualmente poder se candidatar à Presidência em 2018.

"Eu sou um juiz fazendo o meu trabalho na Corte, julgando casos. E o que acontece fora da Corte não é da minha responsabilidade."

Moro condenou Lula a uma pena de nove anos e seis meses de prisão no caso triplex, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro supostamente recebido da empreiteira OAS.

Nas mãos do juiz da Lava Jato estão em curso, ainda, outras duas ações penais contra o petista, que nega os ilícitos.

Mesmo condenado a pena tão elevada, Lula apela em liberdade junto ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região - o tribunal da Lava Jato. Se a Corte federal confirmar a pena imposta ao ex-presidente ele será incluído na Lei da Ficha Limpa, o que poderá impedi-lo de concorrer em 2018.

Ele afastou taxativamente a possibilidade de abandonar a toga para disputar a Presidência ou qualquer outro cargo eletivo em 2018. "Eu já fiz afirmações categóricas sobre isso", rechaçou o juiz da Operação Lava Jato. "Não existe nenhuma expectativa. Acho que pesquisa que inclui meu nome, no fundo perde tempo."