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Governistas já trabalham com possibilidade de adiamento de votação de denúncia

Julia Lindner e Igor Gadelha

Brasília

25/10/2017 13h50

Governistas já trabalham com a possibilidade da votação no plenário da Câmara da denúncia contra o presidente Michel Temer ser adiada. A avaliação leva em conta o fato de a base do governo ser formada por cerca de 270 parlamentares. Como o governo precisa de 342 dos 513 deputados para iniciar o pleito, precisará da presença de oposicionistas e de dissidentes de partidos aliados, que atuam em conjunto na obstrução.

Às 13h15, havia 287 parlamentares registrados na sessão em plenário.

Para aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ele terá três possibilidades caso não haja quórum suficiente: adiar a votação para outra data, "engavetar" a apreciação por tempo indeterminado ou tentar colocar a denúncia em votação mesmo sem o quórum mínimo preestabelecido.

O líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), considera que a base do governo não possui sozinha número de parlamentares suficiente para iniciar a deliberação. Ele também admite que integrantes do DEM estão contribuindo para a obstrução. Nos bastidores, integrantes do PSDB e PSB, por exemplo, também acompanham a estratégia.

O Broadcast Político (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) constatou pelo menos três casos de governistas que não registraram presença, mesmo estando no plenário. Um deles foi o deputado Elmar Nascimento (BA), que é do DEM.

A reportagem ouviu Nascimento dizer, no cafezinho do plenário, que só iria marcar presença após ter pendências no governo resolvidas. Os deputados Jutahy Júnior (BA) e Vanderlei Macris (SP), ambos do PSDB, também foram vistos no plenário, mas não registraram presença. "Só às 15 horas", justificou Jutahy. Os dois tucanos votaram contra Temer na primeira denúncia e devem repetir o voto na segunda.

Mais cedo, o líder do governo na Casa, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou que, caso não haja quórum de 342 deputados para a votação e o pleito tenha que ser adiado, Maia poderia adiá-la para o ano que vem e a oposição acabaria prejudicada. "Estamos ligando para todo mundo, mas cada um tem a sua responsabilidade", disse sobre os governistas que não registraram presença.

Apesar de tentar minimizar um eventual adiamento, nos bastidores, a possibilidade gera apreensão, pois pode ser vista como uma derrota para o governo e poderia desgastar ainda mais a imagem do presidente da República.

Com uma postura mais radical, a oposição evitou até mesmo fazer discursos no plenário para não ter a presença contabilizada. Os oposicionistas estão usando o Salão Verde da Casa como espaço para se manifestar. Em razão disso, governistas têm pedido constantemente na tribuna que os parlamentares marquem presença no plenário.

Até mesmo o advogado do ministro Moreira Franco (Secretaria de governo) - que também é acusado, junto com Temer e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) - pediu que oposição se "enxergue na situação dos acusados".

A sessão, que começou às 9h19, será encerrada obrigatoriamente às 14h19 por causa do prazo regimental. Passado esse prazo, uma nova sessão terá que ser aberta e o quórum iniciará do zero.