Temer diz que 'Brasil não parou' apesar de 'suposta crise política'
Ele disse também que o período de instabilidade teve um fim. Temer, que chegou a ser internado ontem por complicações urológicas e teve repouso recomendado por médicos, participou de uma cerimônia fechada no Palácio do Planalto na qual a Caixa Econômica Federal destinou R$ 652 milhões para obras no Rio, berço político do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de quem o peemedebista tenta se reaproximar.
"Assumimos o País com recessão e caminhamos de tal forma que neste momento, vejam que nestes últimos 5, 6 meses, sem embargo de uma suposta crise política, que penso tenha final no dia de ontem, o Brasil não parou", disse Temer. Reforçando um dos slogans do governo federal, Temer afirmou que trabalha para colocar o Brasil nos trilhos. "A inflação caiu a níveis suportáveis, os juros caíram e a tendência é chegar ao fim do ano com 7%. Foi neste cenário que o desemprego começou a cair."
O evento foi restrito a autoridades, sem a presença de jornalistas, e transmitido nas redes sociais do presidente. A Caixa firmou contrato para financiamento de obras de infraestrutura e saneamento no Rio de Janeiro. Maia disse que o evento era uma "agenda positiva" e que tem trabalhado com o governo federal "sem partidarismo" para ajudar o Rio.
Simbolicamente, o presidente Michel Temer assinou o contrato e convidou deputados do Rio, Maia entre eles, para firmar o documento com o presidente da Caixa, Gilberto Occhi (PP), e o prefeito Marcelo Crivella, do PRB. O partido de Crivella comanda o ministério da Indústria e Comércio Exterior (ministro Marcos Pereira) e entregou mais votos a favor de Temer para barrar a segunda denúncia criminal contra o presidente ontem.
Temer fez questão de afagar Maia. Ele lembrou que, enquanto Maia esteve como interino na Presidência da República, o parlamentar "teve a alegria patriótica" de assinar um projeto de recuperação fiscal para o Rio, que também deve ajudar Estados em crise financeira, como o Rio Grande do Sul, governado pelo PMDB. O presidente disse que outros pleitos gaúchos estão em andamento no governo. Temer também destacou que Maia participou da decisão de enviar as Forças Armadas para apoiar ações de segurança, na crise de criminalidade no Rio.
Maia e Crivella lembraram que o Rio vive uma crise econômica com alta de mais de 500 mil empregos desde a crise do setor de petróleo. Eles citaram a insegurança na cidade e no Estado, reforçada hoje com o assassinato, por fuzilamento, de um comandante da Polícia Militar no Méier, bairro de classe média da Zona Norte carioca.
Crivella é autor de um projeto de lei que torna crime hediondo o emprego, posse ou o porte ilegal de fuzis e outras armas de fogo de uso restrito das Forças Armadas e demais órgãos de segurança pública, bem como o tráfico e o comércio irregular de metralhadoras e submetralhadoras. "O Rio não suporta mais rajada de metralhadora no meio do dia", disse Crivella. Ele pediu ao presidente que sancionasse a norma, e Temer respondeu que havia sancionado o texto com satisfação. "Estamos há muito tempo direcionando a atividade federal para as questões nacionais de segurança", afirmou o peemedebista. "Não há como tratar bandidos com rosas na mão", em referência à morte do PM.
Recursos
Dos R$ 652 milhões em recursos da Caixa destinados à prefeitura do Rio, um total de R$ 198 milhões será investido diretamente em obras e projetos na região portuária da cidade, cuja reforma iniciou-se para as Olimpíadas de 2016. Os recursos serão destinados à Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro. As intervenções estão 87% concluídas, segundo a Caixa, e envolveram a demolição de viadutos, construção de túnel, instalação de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), reforma da orla e do Boulevard Olímpico.
A Caixa Econômica Federal afirmou que a linha de Financiamento à Infraestrutura e Saneamento alcançou o montante de R$ 2,4 bilhões neste ano.
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