'Galera hoje o Rio está de luto', escreveu Sadala no dia da prisão de Cabral
Sérgio Cabral foi preso em 17 de novembro de 2016. O ex-governador está custodiado na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, no Rio.
A força-tarefa da Lava Jato apreendeu um e-mail de Georges Sadala. A mensagem foi enviada pelo endereço 'gesadala@'.
"Galera hoje o Rio está de LUTO!!!!!! Acho inoportuno confraternizarmos num clima desse!!! Vamos remarcar em breve!!! Ab a todos!!", dizia o e-mail.
No diálogo, segundo os investigadores, o empresário "se referia à organização de evento de confraternização, chamado de 'confraria', que estava agendado para o dia 17 de novembro de 2016".
"Ocorre que essa foi justamente a data de deflagração da Operação Calicute, com a prisão de Sérgio Cabral e vários outros integrantes da organização criminosa. Assim, às 9:26h da manhã, Georges Sadala mandou a mensagem para os amigos, afirmando que o 'Rio está de LUTO' e cancelando o evento", relatou o Ministério Público Federal.
A Procuradoria da República aponta que Sadala é "dono da Gelpar, empresa integrante do Consórcio Agiliza Rio, criado em 2008, para implantação, operação e gestão das unidades Rio Poupa Tempo, tendo recebido do Governo do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, R$ 3,3 milhões, em 2009, R$ 22,4 milhões, em 2010, R$ 24,2 milhões, em 2011 e R$ 6,9 milhões, em 2012".
De acordo com os investigadores, o codinome do empresário era "G", "Salada" e "Saladino". A força-tarefa da Operação Cest Fini destaca que o empresário participou da memorável "farra dos guardanapos", em Paris, em 2009, com Sérgio Cabral e outros convivas.
"George Sadala é um dos empresários que esteve em Paris, convidado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, para a cerimônia de entrega da medalha de honra da Legião DHonneur, concedida pelo Senado francês ao ex-governador, e para o lançamento do Guia Michelin Rio de Janeiro", narrou a Procuradoria da República no Rio.
"Constata-se que Georges Sadala era um dos participantes do jantar no hotel Ritz, em Paris, ocorrido em 2009, onde secretários da alta cúpula do governo, alguns, inclusive, já denunciados perante esse d. Juízo, e empresários foram fotografados usando guardanapos na cabeça e dançando, episódio conhecido com a 'Farra dos Guardanapo'."
Além de Georges Sadala, a Cest Fini investiga Henrique Alberto Santos Ribeiro, Lineu Castilho Martins, Maciste Granha de Mello Filho e Régis Fichtner. Todos foram alvo de mandado de prisão.
O empresário Alexandre Accioly foi intimado a prestar depoimento na sede da Polícia Federal, do Rio, e o empresário Fernando Cavendish foi alvo de mandado de condução coercitiva.
Defesas
A reportagem tentou contato com a defesa de Régis Fichtner, mas não obteve retorno.
Já a defesa de Maciste Granha de Mello Filho informou que não iria se manifestar.
Lineu Castilho Martins ocupa o cargo de assessor técnico do Departamento de Estradas de Rodagem do Rio (DER-RJ). O governo está avaliando o caso e informou que até amanhã tomará uma decisão.
O empresário Alexandre Accioly divulgou nota informando que fez negócios legítimos com o empresário Georges Sadala, com quem tem relação "estritamente pessoal", e não empresarial, e assegurando que tem "farta documentação comprobatória. Diz a nota: "O empresário Alexandre Accioly informa que prestou esclarecimentos a respeito da venda de um bem imóvel, aquisição de um automóvel e operação de crédito, cujo empréstimo foi integralmente quitado, firmados com Georges Sadala". O comunicado informa também: "Todas as transações se deram em moeda corrente nacional, amparadas por farta documentação comprobatória - tais como escritura, documentos de compra e venda de bens e respectivas transferências bancárias (TEDs) -, e devidamente reportadas nas declarações de bens de Accioly referentes a cada exercício fiscal em que se verificaram."
O empresário Georges Sadala enviou nota à imprensa em que critica o fato de ter sido preso preventivamente "sem que lhe fosse dada a oportunidade de esclarecer previamente os fatos que lhe são atribuídos, uma vez que jamais foi chamado a ser ouvido pelo Ministério Público Federal ou pela Polícia Federal em inquérito policial ou qualquer procedimento investigativo análogo", e também sem ter dado indicativos de que não prestaria depoimento se solicitado. Diz a nota que "a prisão de Georges Sadala atende propósito meramente simbólico de alcançar o último personagem do enredo dos guardanapos, o que se evidencia pelo próprio nome dado à operação policial, 'C'est fini'. Afinal, o empresário teve sua movimentação financeira e a de suas empresas completamente devassadas, não se encontrando qualquer indício concreto de repasses de recursos que lhe são atribuídos por delação isolada e jamais corroborada. O único fato concreto apurado e comprovado - e não negado pelo empresário - é sua amizade com o ex-governador Sergio Cabral, o que, por si só, não remete à prática de crime, nem à necessidade da prisão cautelar, de modo que confia que essa medida extrema será revista pelo próprio Poder Judiciário."
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