MPF faz duas novas denúncias contra Cabral e comensais da 'Farra dos Guardanapos'
Com isso, a Operação Cest Fini resultou em três denúncias. Na semana passada, o Ministério Público Federal denunciou Cabral e outros quatro investigados - Henrique Ribeiro, Lineu Martins, Luiz Carlos Bezerra e Wilson Carvalho - por crimes na Fundação Departamento de Estradas de Rodagem do Rio (Funderj).
A ramificação da organização criminosa foi descoberta a partir dos desdobramentos das Operações Calicute e Eficiência e das investigações realizadas após sua deflagração.
Essas investigações, segundo a Procuradoria, "tem como escopo aprofundar o desbaratamento da organização criminosa responsável pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de capitais envolvendo contratos para realização de obras públicas pelo Estado do Rio".
Entre as obras, destacam-se a construção do Arco Metropolitano e a urbanização de grandes comunidades carentes na cidade do Rio, a PAC Favelas.
Além de Cabral, Fichtner e Sadala foram alvo dessas novas denúncias Luiz Carlos Bezerra e Wilson Carlos, operadores financeiro e administrativo, respectivamente, da organização criminosa, segundo a força-tarefa da Lava Jato.
Farra dos guardanapos
Sadala é um dos empresários que esteve em Paris, em 2009, convidado pelo governo do Rio, para a cerimônia de entrega da medalha de honra da Legião DHonneur, concedida pelo Senado francês ao então governador Sérgio Cabral, e para o lançamento do Guia Michelin Rio de Janeiro.
Sadala era um dos participantes do jantar no hotel Ritz, em Paris, onde secretários da alta cúpula do governo, alguns, inclusive, já denunciados, e empresários foram fotografados usando guardanapos na cabeça e dançando.
O episódio ficou conhecido com a "Farra dos Guardanapos".
Além de vizinho de Cabral no condomínio Portobello, em Mangaratiba (RJ), Georges Sadala, conhecido pelos codinomes "G", "Salada" e "Saladino", era o grande corruptor da iniciativa privada na área de prestação de serviços especializados relacionados ao programa Rio Poupa Tempo, afirma o Ministério Público Federal.
"Sadala teve evolução patrimonial exponencial, desde o início do governo Cabral. Em troca de facilidades na contratação de suas empresas junto ao Estado do Rio de Janeiro, ele garantiu o pagamento de propina, com o aporte de, ao menos, R$ 1,3 milhão em favor da organização criminosa", sustenta a Lava Jato.
A Procuradoria afirma que também aparece no episódio dos guardanapos Regis Fichtner, codinomes "Alemão" e "Gaúcho", ex-chefe da Casa Civil do governo Cabral, que recebeu recursos em espécie na ordem de R$ 1,5 milhão, conforme as anotações da contabilidade paralela apreendida com o operador Carlos Bezerra.
"Fichtner, no exercício do cargo, solicitou e aceitou vantagem indevida para dar especial atenção para os interesses privados de empresários do setor da saúde, prestação de serviços de alimentação e limpeza, transporte público e construção civil", diz a denúncia.
Os procuradores estimam que Regis teria recebido um total de R$ 1,56 milhão em dinheiro do esquema, de 2007 a 2014.
Defesa
Procurada pela reportagem, a defesa de Régis Fichtner reafirmou que "são falsas todas as acusações contra ele e que só se manifestará quando tiver acesso à denúncia".
A defesa do empresário Georges Sadala informou que ele nunca cometeu crimes nem fez pagamentos a autoridades em troca de vantagens.
As defesas de Sergio Cabral e de Luiz Carlos Bezerra não se manifestaram. O Estado não conseguiu contato com o advogado de Wilson Carlos.
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