Itamaraty não tem previsão de enviar outro embaixador à Venezuela
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou, neste domingo (24), que não tem nenhuma previsão de enviar outro embaixador brasileiro à Venezuela, após o atual embaixador no país vizinho, Ruy Pereira, ter sido declarado "persona non grata" pelo governo de Nicolás Maduro.
Com a saída de Ruy Pereira, que está no Brasil passando as festas de fim de ano, quem assume seu posto é um membro do corpo diplomático que está no país, o encarregado de negócios. Trata-se do segundo representante mais antigo do Brasil na Venezuela, depois do embaixador.
O Itamaraty já avisou que deverá adotar "medidas de reciprocidade correspondentes". O mais provável é que o representante mais graduado da Venezuela no Brasil também seja declarado "persona non grata". O embaixador venezuelano é Alberto Efraín Castellar Padilla.
No sábado (23), a presidente da Assembleia Nacional Constituinte e ex-chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, anunciou a medida adota pelo governo. Ela disse, em entrevista, que a Venezuela decidiu declarar Pereira e o encarregado de negócios do Canadá, Craib Kowalik, como 'persona non grata'. Ela acrescentou que os processos para isso seriam iniciados em breve.
O anúncio foi feito ao final de uma resposta na qual ela avaliou a aprovação, no Brasil, da legislação que estabelece uma cláusula de barreira para partidos políticos. Ela foi questionada sobre essa legislação "bastante particular" sobre partidos e organizações políticas.
"Ela impede que partidos pequenos tenham participação eleitoral", disse, para depois fazer um contraste com o quadro na Venezuela, onde há "uma ampla gama de partidos políticos."
O Brasil tem criticado com frequência a ruptura do governo de Maduro em relação aos princípios democráticos. Foi por essa razão que a Venezuela foi suspensa do Mercosul com base na cláusula democrática em agosto passado, no primeiro ato da presidência brasileira no bloco.
Delcy afirma que a decisão em relação ao canadense se deu por sua "permanente, grosseira e vulgar intromissão nos assuntos internos da Venezuela", e a do embaixador do Brasil, "até que se reconstitua o fio constitucional que o governo de fato violou." A Venezuela não reconhece o governo de Michel Temer e considera que a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada por um "golpe".
Como reação ao impeachment, em maio passado, a Venezuela e outros países de linha "bolivariana" retiraram seus embaixadores do Brasil. Em resposta, o Brasil fez o mesmo.
Mas, em maio deste ano, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, enviou Pereira de volta a Caracas num movimento para normalizar as relações. A Venezuela continua sem embaixador em Brasília.
Ao mesmo tempo em que buscou restabelecer o diálogo com Caracas, o Brasil nunca deixou de criticar as medidas adotadas contra os direitos humanos e os princípios democráticos. A nota mais recente foi divulgada na última quinta-feira, depois que o governo Maduro decidiu dissolver os governos municipais de Caracas e Alto Apure.
Nela, o governo brasileiro classificou o ato como mais um componente do "continuado assédio" à oposição. E acrescenta que medidas como essas "desmentem o anunciado interesse do governo venezuelano em buscar uma solução negociada e duradoura para a crise."
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