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Delator cita US$ 700 mil da Odebrecht para campanha de ex-presidente do Peru

Luiz Vassallo e Fabio Serapião

28/02/2018 18h11

O marqueteiro petista Valdemir Garreta afirmou ter recebido da Odebrecht US$ 700 mil para conduzir a campanha de 2010 do ex-presidente peruano Ollanta Humala (2011-2016). Garreta firmou delação premiada no Peru, que aguarda homologação da Justiça e está em sigilo.

No Brasil, Garreta foi responsável por coordenar os trabalhos de publicidade de candidaturas como a de Alexandre Padilha, em 2014, ao governo de São Paulo, foi sócio do ex-presidente do PT, Rui Falcão, e foi secretário municipal na gestão de Marta Suplicy (PT).

Os advogados do ex-presidente do Peru chegaram a citá-lo como delator em pedido para ter acesso à sua colaboração no Supremo Tribunal Federal. Os defensores também queriam acesso aos anexos de colaboradores da Odebrecht que estão em sigilo no Brasil por integrarem acordos de cooperação internacional.

Delatores da empreiteira, entre eles, Marcelo Odebrecht, dizem ter feito repasse de R$ 3 milhões à campanha de Humala a pedido do ex-ministro Antonio Palocci, em 2010.

Em colaboração com as autoridades peruanas, Garreta diz desconhecer o envolvimento de Palocci, mas confirmou ter recebido diretamente da Odebrecht para a campanha de Humala.

Depoimentos

Um dos ex-executivos da Odebrecht, Jorge Henrique Simões Barata compareceu às 14h da terça-feira, 27, na sede da Procuradoria da República da 3ª Região, em São Paulo, para depor a respeito de supostas doações ilegais à campanha de Humalla Ollanta Humala.

Nesta quarta-feira, 28, ele fala também sobre supostos repasses à campanha de Keiko FUjimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, em 2011.

Prisão

Humala está preso desde julho de 2017. A Justiça do Peru decretou sua prisão preventiva por um período de 18 meses. Segundo as investigações naquele país, Humala e a ex-primeira-dama, Nadine Heredia são acusados de terem recebido dinheiro ilícito da Venezuela e da empreiteira Odebrecht para as campanhas presidenciais de 2006 e 2011 - a empresa diz estar colaborando com as investigações.

O escândalo de corrupção da Odebrecht no Peru também envolveu os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006) e Alan García (1985-1990 e 2006-2011), acusados de terem recebido propina para obter a concessão de obras públicas.