Topo

'Vaia faz parte', diz Bolsonaro após sabatina na Marcha em Defesa dos Municípios

Felipe Frazão e Leonêncio Nossa

Brasília

23/05/2018 17h52

Hostilizado duas vezes nesta quarta-feira, 23, durante evento, em Brasília, com prefeitos e vereadores de todo o País, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à Presidência da República, disse que vaia faz parte. "Teve vaia? Faz parte, cara. Já levei vaia por aí", afirmou ao ser questionado durante a coletiva de imprensa da Marcha em Defesa dos Municípios, organizada pela Confederação Nacional dos Municípios.

Em sua exposição, Bolsonaro defendeu o que chamou de planejamento familiar como forma de mitigar problemas de saúde pública e saneamento básico. Ele vinculou diretamente uma quantidade exagerada de filhos a reflexos em programas sociais. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do pré-candidato, já apresentou projeto de lei na Câmara para facilitar o acesso a operações de laqueadura de trompas e vasectomia.

"Planejamento não é controle. É o homem e a mulher, caso não queria mais ter filhos, não tenha. Até que por ventura queiram fazer laqueadura ou vasectomia", propôs. "Uma pessoa bem instruída, dando os meios para ela não mais ter filhos, pode, no meu entender, colaborar nessa questão do saneamento básico", afirmou o pré-candidato a presidente. "Um homem e uma mulher com educação dificilmente vai querer ter um filho a mais para engordar do programa social. É a responsabilidade que tem que fazer parte, obviamente, do jovem homem e da jovem mulher. Essa questão do saneamento... Se a gente conseguir resolver esse problema, grande parte dos problemas de saúde será resolvida. Porque daí é que vem a maior quantidade de pessoas que contraem as doenças mais variadas possíveis."

Ele se declarou um admirador da política dos Estados Unidos. "É um país que deu uma guinada um pouco mais para o centro, estava indo para a esquerda", afirmou.

O deputado voltou a defender mudanças no Estatuto do Desarmamento para "dar direito, a quem por ventura queira, a posse de arma principalmente no campo". "Ninguém vai comprar uma arma para fazer o que não deve. Ele é responsável", disse.

Também defendeu que o Ministério Público deve ser parceiro e colaborar no desenvolvimento do Brasil e criticou os excessos de fiscais. "Tem gente no MP, no Judiciário que entende que trabalho análogo à escravidão também é escravo. Tem que botar um ponto final nisso. Análogo é uma coisa, escravo é outra. É um exemplo que estou te dando", disse Bolsonaro.

O parlamentar também disse que sua equipe trabalha numa proposta de reforma da Previdência. Ele citou, por exemplo, maneiras de impedir que se acumule no salário remuneração por cargo em comissão, o que chamou de "indústria das incorporações".