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Vídeo viral do 'chupa-cabra' da urna eletrônica é boato fabricado

Alessandra Monnerat, Caio Sartori e Guilherme Sette, especial para AE

São Paulo

15/06/2018 08h00

Trata-se de boato fabricado um vídeo enganoso frequentemente compartilhado no aplicativo de mensagens WhatsApp, que mostra o funcionamento de um dispositivo chamado de "chupa cabra de urna eletrônica." No vídeo, o autor afirma que é possível fazer a transferência de votos de um candidato para outro com o equipamento.

A mentira foi repassada por leitores por meio do número de contato do Estadão Verifica, blog de checagem de fatos do jornal O Estado de S. Paulo. O número para enviar áudios, vídeos e textos para verificação é (11) 99263-7900.

No vídeo viral, o narrador afirma conseguir mudar votos de Celso Russomanno para Fernando Haddad, ambos candidatos à prefeitura de São Paulo. O conteúdo já havia sido publicado no YouTube em 2015. Apesar de ser antigo, voltou a circular após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender o voto impresso nas próximas eleições.

De acordo com a equipe técnica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o dispositivo utilizado é um pendrive com um adaptador. As informações na tela, exibidas em mensagens na plataforma Gmail, são registros de votos disponíveis em arquivos públicos, enviados aos partidos após as eleições. Dessa forma, o que se vê no monitor é discordante do alegado "chupa cabra" e não corresponde a um dispositivo de alterações de votos.

Além disso, o que o vídeo mostra são mensagens dos dias 5 de setembro de 2014 e 5 de outubro de 2014. Na verdade, Haddad e Russomanno disputaram as eleições para prefeitura em 2012 e 2016.

O protagonista do filme também mostra votos computados após as 17h - o que segundo ele, seria sinal de fraude. No entanto, o TSE esclareceu que é possível votar após o horário limite, caso ainda haja eleitores na fila da sessão eleitoral. A urna está preparada para receber votos até que o mesário dê o comando de encerramento.

CNH

Os leitores também pediram a checagem de um boato sobre o cancelamento automático da carteira de motorista em caso de dívida do IPVA. A mensagem mentirosa afirmava que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) havia autorizado cobrança de multa de R$2.934,70 para os devedores do imposto.

No boato enviado ao Estadão Verifica consta ainda a informação errada de que pessoas com o nome inscrito no SPC e no Serasa também correm risco de perder o documento. Segundo a corrente, quem tiver um débito de até R$ 2 mil terá a CNH suspensa automaticamente por 12 meses. Para devedores acima deste valor, a habilitação ficaria suspensa por 24 meses, com multa, segundo o boato.

A assessoria de imprensa do STJ confirmou ao Estado que a afirmação é falsa: não existe a tabela de cancelamento descrita na mensagem. É possível que a habilitação seja suspensa em decisões judiciais, mas nunca de forma automática, como sugere o boato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.