Topo

Testemunha diz que ex-secretário de Alckmin mandou 'triturar documentos'

Luiz Vassallo e Julia Affonso

01/07/2018 15h43

Ao decretar a prisão preventiva do ex-secretário estadual de Logística e Transportes de São Paulo, Laurence Casagrande Lourenço, a juíza federal Maria Isabel do Prado citou o depoimento de uma testemunha que revelou supostas ordens para "triturar documentos".

Chefe da pasta no governo Geraldo Alckmin (PSDB), período em que chegou a presidir a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.), Lourenço é alvo da Operação Pedra no Caminho, investigação sobre desvios de R$ 600 milhões do Rodoanel Norte. A magistrada ordenou também a custódia por tempo indeterminado do ex-diretor da Dersa Pedro da Silva.

Na decisão, a juíza  da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo cita o depoimento de uma testemunha "que trabalhou como secretária pessoal de Laurence  Casagrande por sete anos até sua exoneração em 2018". "[Ela] Revelou que o investigado determinou que documentos fossem triturados ou o fez pessoalmente", relata Maria Isabel do Prado.

Segundo a magistrada, Pedro da Silva "figurou como um dos principais e mais influentes integrantes da organização criminosa no cargo de diretor de Engenharia da Dersa, somente subordinado a Laurence Casagrande".

A juíza ainda justifica a prisão preventiva. "Não obstante a ciência sobre as investigações em curso, conforme divulgadas pela imprensa antes da deflagração das medidas de busca e apreensão e prisões, os investigados não se afastaram de cargos e funções públicas, sendo Laucence, até o dia do cumprimento das medidas, presidente da Cia Energética de São Paulo".

A magistrada afirma que "não pode ser desprezado o risco de reiteração delitiva em outros órgãos públicos responsáveis por grande movimentação financeira de recursos do Estado".

"Tais circunstâncias evidenciam a manutenção de poderio econômico e político, e autorizam a vislumbrar o perigo que representa a liberdade dos investigados para o meio social, justificando-se a decretação e manutenção da custódia cautelar com fundamento na garantia da ordem pública e da ordem econômica, bem como, por conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal", escreveu.

A juíza ainda afirma que as investigações "revelam que a liberdade dos investigados ocasiona iminente risco à atividade probatória, considerando a evidente probabilidade de, em liberdade, destruírem provas, coagirem testemunhas, obstruírem a investigação, alienarem bens produtos do ilícito e praticarem outros delitos, além da possibilidade de fuga, justificando-se, portanto, a prisão cautelar para a garantia da ordem pública e da ordem econômica, bem como, por conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal".

Em nota, a defesa de Pedro Paulo Dantas do Amaral Campos, representada pelos advogados Daniel Bialski, Patrícia Uzum e Juliana Bignardi, afirmou que "felizmente a Justiça reconheceu a inexistência de razão, motivo e necessidade dessa prisão arbitrária de Pedro Paulo". "E em breve, reconhecerá que inexistiu qualquer ilicitude", diz o comunicado.