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Alckmin já disse há 6 meses que manterá Ilan e diretores do BC, diz Persio Arida

Caio Rinaldi e Francisco Carlos de Assis

São Paulo

21/09/2018 13h07

Um eventual governo de Geraldo Alckmin a partir de 2019 deverá convidar o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e a atual diretoria da autoridade monetária a permanecer em seus respectivos cargos, afirmou nesta sexta-feira, 21, o assessor econômico do tucano, Persio Arida. "Alckmin já disse há seis meses que pretende manter Ilan e os diretores", explicou.

Em relação à atuação da autoridade monetária, o economista disse que "um passo crítico" para a independência da instituição seria o estabelecimento de mandatos fixos e alternados, o que reduziria drasticamente a influência política sobre o BC. "Acho o nosso arranjo institucional bom, com o BC atuando como autoridade monetária e na regulação. O papel crítico do BC é assegurar funcionamento do sistema financeiro como um todo", afirmou.

"Não gostamos da ideia de mandato dual, quando isso se cria, é um enorme pretexto para políticos influenciarem a política monetária sob alegação de que estão preocupados com outros temas - é uma maneira de tornar o BC menos independente", afirmou, em sabatina realizada pelo Grupo Estado em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Conselho para Câmbio

A proposta da campanha de Ciro Gomes, de criar um conselho nos moldes do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir as atuações da autoridade monetária no mercado de câmbio, foi contemporizada por Persio Arida. "Não gosto da ideia do Copom cambial, pois pode reduzir a sintonia. Ter dois órgãos diferentes é uma institucionalidade ruim", comentou.

Ainda assim, o economista explicou que pode ser uma proposta factível, quando o País superar as atuais dificuldades e tiver uma moeda "totalmente conversível". "Em algum momento, o Brasil vai ter estabilidade macroeconômica suficiente para ter moeda plenamente conversível. Quando isso acontecer, não vai precisar de reservas cambiais. Mas, neste contexto atual, não acho boa esta separação de funções", explicou.

Reservas

Sobre as reservas cambiais brasileiras, na casa dos US$ 370 bilhões, Arida destacou que, apesar do custo elevado para mantê-las, dado o custo de oportunidade em relação a outros investimentos, elas conferem uma espécie de "seguro" contra instabilidade internacional. "Se não tivéssemos estas reservas, estaríamos numa situação muito pior agora que o cenário internacional está mais instável", comentou.

"Na realidade, ninguém sabe se vale a pena vender nem a parcela adequada. Ela funciona como um seguro, mas não permite sabemos qual é a margem de segurança. Elas dão lastro de credibilidade ao País hoje", explicou Arida. "Por isso, não gostaria de mexer no nível de reservas hoje. Claro que tem custo, mas o seguro contra crise cambial vale este custo", reforçou.

Crédito

Os altos spreads bancários no País deverão ser combatidos em um eventual governo de Geraldo Alckmin, afirmou o economista Pérsio Arida. "As taxas de crédito variando de 7,5% a 300% revelam uma anomalia que precisa ser solucionada", comentou.

Entre as medidas que podem contribuir para a redução, a mais impactante citada por Arida é a abertura do mercado. "Hoje, para um banco se instalar no Brasil, precisa de autorização presidencial. Isso não faz muito sentido, tem que ser autorização apenas do BC", declarou.

Também foram citadas outras medidas, como a implementação do cadastro positivo. "Temos um conjunto de medidas, o cadastro positivo é uma delas. Já existe o cadastro negativo, é positivo para a instituição e para o consumidor ficar claro quem é bom pagador, o mundo inteiro funciona assim é um atraso não existir no Brasil", explicou, lembrando que Jair Bolsonaro votou contra a aprovação da medida.

O fim do crédito dirigido e subsidiado ajudará a reduzir o spread, disse Arida no evento. Outras medidas citadas pelo economista foram ampliar a Lei de Garantias e incentivar novas formas de crédito.