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Haddad diz em Salvador que apoio de Ciro lhe dará '3 ou 4 pontos' até domingo

Yuri Silva

Salvador

26/10/2018 21h35

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira, 26, ao cumprir agenda em Salvador, que sua candidatura "vai ganhar uns três ou quatro pontos com o apoio do Ciro", em referência a um vídeo que o candidato do PDT Ciro Gomes, derrotado no primeiro turno da corrida presidencial, deverá gravar declarando apoio ao petista na reta final do segundo turno.

O vídeo foi prometido a Haddad pelo presidente do PDT, Carlos Lupi. Haddad afirmou ainda que não conversou com Ciro, que chega de viagem na noite desta sexta-feira, após passar quase todo o segundo turno em férias pela Europa. "Conversei com o Lupi", disse o ex-prefeito de São Paulo a jornalistas, pouco antes de desfilar em carro aberto. Ele não confirmou, contudo, se terá um encontro com o presidenciável pedetista.

Na capital baiana, o petista realizou seu último ato de campanha no Nordeste - ele ainda participa de caminhada em São Paulo no sábado, 27. Simpatizantes de Haddad, entre eles militantes do PT, PCdoB, PSB, PSOL, PDT, PSTU, CUT, CTB, organizações do movimento negro, da comunidade LGBTQI+, lotaram a orla marítima de Salvador na tarde e na noite desta sexta-feira. O evento, batizado de Caminhada da Virada, pela Paz e pela Democracia, percorreu o circuito inverso do carnaval, entre Ondina e o Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos locais.

A organização estimou o público em mais de 100 mil pessoas - a Polícia Militar não divulgou contagem dos presentes. A multidão ocupou todas as faixas da via que corta a orla da capital baiana.

Ônibus e vans com militantes, que chegaram a Ondina no final da tarde, ajudaram a encher o último ato político do petista no Nordeste. O evento também recebeu muitos eleitores não petistas vestindo camisas com frases como "Em defesa da democracia, voto até no PT".

Aos gritos de "Brasil pra frente, Haddad presidente" e "Ô, vamos virar ê ô", o presidenciável petista desfilou em cima de uma caminhonete, próximo ao público, ao lado da esposa, Ana Estela, da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, de um dos vice-presidentes da legenda, Márcio Macedo, do governador reeleito da Bahia, Rui Costa, e do ex-ministro, ex-governador da Bahia e senador eleito nas eleições 2018 Jaques Wagner.

Com uma bandeira do Brasil a tira colo, que balançava o tempo inteiro, e sem poder discursar, já que a legislação eleitoral veda falas públicas de candidatos 48h antes do pleito, Haddad tirou selfies, abraçou e beijou militantes e eleitores. Também ensaiou dancinhas no ritmo de jingles de campanha e puxou coros em crítica ao seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas.

"Ô, Bolsonaro arregou", puxou, em certo momento, dando a senha para a gritaria da multidão. O grito de "Ele não", que marcou manifestação de mulheres contra Bolsonaro no primeiro turno, foi substituído por gritos de "Haddad sim", repetido durante a caminhada.

"Está tendo uma grande reviravolta nessa eleição", diz petista. "Na verdade, está tendo uma grande reviravolta nessa eleição", afirmou Haddad a jornalistas antes de subir no carro em que percorreu o caminho até o Farol da Barra. "Começou na verdade por São Paulo, minha cidade, cidade que eu governei. Isso está acontecendo em todas as capitais e tenho certeza que vamos chegar à vitória no domingo", disse o petista, chamando Bolsonaro de "atraso", "frouxo" e "mentiroso".

Ele ainda comentou o crescimento dele nas pesquisas. "O nosso crescimento tem duas razões. Primeiro, o povo descobriu que ele mente. Depois, descobriu que ele foge. Ninguém gosta de homem frouxo e mentiroso. As pessoas querem evitar o pior, que é a eleição de uma pessoa que enaltece ditador, desrespeita nordestino, desrespeita as mulheres e os negros deste País", afirmou o candidato do PT ao Palácio do Planalto.

Haddad criticou também a ausência de Bolsonaro nos debates. Nesta sexta-feira, um encontro entre os dois aconteceria na TV Globo, mas foi cancelado porque o capitão da reserva recusou-se a participar alegando que foi ameaçado de um novo atentado.

"Acho triste que meu adversário tenha se recusado a participar do debate de hoje (sexta) à noite na Rede Globo, foi um grande desrespeito ao povo brasileiro, isso nunca aconteceu num segundo turno. Eu espero que o povo brasileiro se faça respeitar contra uma pessoa que desrespeitou a democracia e o confronto de ideias. A gente quer é que os argumentos possam ser apresentados e as pessoas possam, de livre e espontânea vontade, julgar qual o melhor projeto para o País. Na base da violência, não vamos chegar a lugar nenhum", disse.