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Correção: Gleisi promete enfrentamento contra aprovação de reforma da Previdência

Daniel Weterman e Mateus Fagundes

São Paulo

30/10/2018 17h37

A nota enviada anteriormente contém uma incorreção. A reunião da qual Gleisi Hoffman participou é da Executiva Nacional do PT, e não do Diretório Nacional do partido. Segue o texto corrigido:

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, disse nesta terça-feira, 30, em entrevista coletiva após reunião da Executiva Nacional da sigla, que o partido vai liderar o enfrentamento do movimento contra a aprovação da reforma da Previdência este ano.

Ontem, em entrevistas a emissoras de TV, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse que poderia tentar aprovar "algo" da reforma da Previdência ainda em 2018. Assessores dele articulam uma aliança com o governo e apoiadores do presidente Michel Temer no Congresso.

"Nós vamos ser contra as articulação de Bolsonaro e Temer no processo de transição", afirmou a senadora paranaense.

Para Gleisi, o partido tem grande responsabilidade "perante o Brasil e o povo brasileiro".

Além da reforma da Previdência, o movimento liderado pelo PT também vai se colocar contra o projeto de cessão onerosa e da lei antiterrorismo. Sobre esta última, Gleisi considerou a ideia de Bolsonaro como uma "tragédia". "Nós estamos vendo que vai ser a tônica do governo que vai se instalar em Brasília. Nós vamos nos colocar contra isso", afirmou.

A presidente do PT afirmou ainda que a frente de resistência também vai atuar na defesa das liberdades individuais. "Nós vamos organizar uma rede democrática de proteção solidária. Vamos organizar todos os advogados do partido, todos os que estão juntos, os juízes pela democracia, para garantir esses diretos", disse.

Líder da bancada do PT na Câmara, o deputado Paulo Pimenta afirmou que o grupo tem força parlamentar para barrar estes projetos. "Vamos derrubar", afirmou, ao lado de Gleisi.

Processo eleitoral

Gleisi afirmou ainda que a eleição de Bolsonaro para a Presidência foi resultado de um processo "eivado de vícios e fraudes". Ela pontuou, contudo, que uma eventual cassação da chapa do presidente eleito deve ser discutida pela Justiça com base nos processos que já estão no Tribunal Eleitoral.

"O resultado das urnas é fato, agora o processo que levou a esse resultado é um processo que está eivado de vícios e de fraudes", disse Gleisi, citando desde a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o impedido da candidatura do petista ao Planalto.

A dirigente declarou ainda que a eleição de Bolsonaro consolida o "golpe" que começou com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.

Haddad

Gleisi afirmou também que o candidato derrotado do partido ao Planalto, Fernando Haddad, sai maior que a própria sigla do processo eleitoral.

"O PT dará todas as condições para que ele (Haddad) exerça o papel de articulador da frente de resistência com movimentos sociais e outros partidos políticos", disse a senadora.

Na avaliação de Gleisi, Haddad é a grande liderança do partido depois do ex-presidente Lula, preso desde 7 de abril em Curitiba. "Ele não precisa ter cargo no partido para participar de deliberações do PT, tanto que participou da reunião de hoje", afirmou.

Lula

A eleição de Bolsonaro desencadeou um temor no PT em relação às condições de Lula, preso em Curitiba após condenação na Lava Jato. Gleisi afirmou hoje que o partido teme pela vida de Lula e que vai pedir proteção maior ao ex-presidente.

A senadora citou falas de Bolsonaro dizendo que Lula vai "apodrecer na cadeia". "Tememos pela vida do presidente, queremos deixar um alerta à sociedade. Não tem ninguém que possa definir o que fazer com ele antes de um julgamento justo", afirmou a presidente do PT.

Ela relatou que o partido fará um pedido por "proteção maior da vida e da integridade" de Lula, sem detalhar que pedido seria esse. Após a coletiva de Gleisi, o ex-ministro Gilberto Carvalho afirmou que há um "risco de as condições carcerárias piorarem" com base nas falas do Bolsonaro.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, havia defendido que o candidato derrotado nas eleições presidenciais Fernando Haddad assumisse a liderança de uma campanha pela liberdade de Lula, proposta rejeitada pela presidente do PT, para quem Haddad precisa priorizar a articulação de uma frente de oposição a Bolsonaro.