Cinco jovens detidos em protesto contra Bolsonaro em SP são levados à Justiça
Um protesto contra o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) saiu do vão livre do Masp, na Avenida Paulista, e seguiu para o centro da cidade. Na região central, havia também um ato contrário a vídeos de um estudante da Universidade Mackenzie que ameaçava "matar a negraiada" em meio a defesas do capitão da reserva.
A Secretaria Estadual da Segurança Pública informou que ainda está apurando o caso e não deu informações sobre as detenções. Defensora dos cinco acusados, a advogada criminalista Maíra Pinheiro, da Rede Feminista de Juristas, afirma que os cinco não participaram dos atos de vandalismo ocorridos na terça-feira e que as acusações contra eles não foram individualizadas.
"Há um vídeo na internet que mostra a hora em que os bancos foram depredados ontem (terça). As imagens mostram que, primeiro, a Polícia Militar não estava lá, não havia policiais vendo quem estava depredando. Segundo, que as pessoas que depredaram não são os rapazes que foram presos".
O boletim de ocorrência do caso, iniciado às 4h15 desta terça-feira, diz que os cinco chegaram à delegacia algemados, diante do "fundado receio de fuga" e do "fundado receio de risco à integridade física própria ou alheia".
São dois adolescentes de 16 anos e dois de 17. O maior, de 18 anos, é morador de Diadema, na região metropolitana de São Paulo.
No documento, os policiais relatam que os cinco "destruíram, mediante grave ameaça, por motivo egoístico e com prejuízo considerável às empresas vítimas, duas agências bancárias". "No desdobramento fatídico, desacataram policiais militares".
Os PMs que trouxeram o grupo à delegacia disseram que três dos adolescentes tinham "garrafas contendo conteúdo inflamável em seu interior". Os policiais disseram ainda terem sido desacatados e que os jovens tinham arremessado coquetéis molotov contra os agentes do Estado.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, os manifestantes atiraram pedras contra os policiais enquanto gritavam palavras de ordem acusavam os PMs de serem fascistas.
A advogada Pinheiro afirma que os cinco detidos não foram presos pela PM durante o ataque à agência nem aos PMs. "Eles foram presos depois, na dispersão", afirma. Três deles foram apanhados na Praça Roosevelt, um na Praça da República e o terceiro no Terminal Bandeira, no Vale do Anhangabaú, locais da região central de São Paulo.
"Um deles nem estava na manifestação. Estava no terminal", diz a advogada. Ela relata que um dos adolescentes está com escoriações no rosto e que outro foi ferido por uma bala de borracha que o atingiu no abdome.
A advogada se queixou de não ter tido acesso aos depoimentos dos policiais, que acusavam os detidos. Disse ainda que um policial militar a intimidou na delegacia, por ter reconhecido a advogada como pessoa que acompanhou a manifestação contra o presidente eleito.
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