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Partido de Bolsonaro 'assedia' senadores e deputados eleitos

Bolsonaro durante encontro com o presidente do PSL, Luciano Bivar, em janeiro  - Divulgação -5.jan.2018/PSL
Bolsonaro durante encontro com o presidente do PSL, Luciano Bivar, em janeiro Imagem: Divulgação -5.jan.2018/PSL

Renan Truffi e Camila Turtelli

Brasília

31/10/2018 08h37

Nanico até o início do ano, o PSL, do presidente eleito, Jair Bolsonaro, tem feito investidas para se tornar o maior partido do Congresso. Com 52 deputados eleitos, o segundo maior número da Câmara, e quatro senadores, dirigentes da sigla têm como alvo parlamentares de legendas que não atingiram a cláusula de barreira e, portanto, ficarão sem estrutura partidária.

O objetivo é conquistar postos-chave nas duas Casas e poder ter controle sobre pautas prioritárias do futuro governo.

A intenção é chegar a 60 nomes na Câmara, ultrapassando o PT, que elegeu 56 deputados, e ganhar mais dois no Senado, chegando a seis, e se tornar a quarta maior bancada, empatada com PT e DEM. Os cargos na direção das duas casas e das comissões são divididos de acordo com o tamanho das bancadas. As maiores têm prioridade na escolha.

Um dos nomes alvo de assédio é o do senador eleito Capitão Styvenson (Rede-RN), conhecido em seu Estado por ser o "carrasco" da Lei Seca. As conversas ficarão a cargo do deputado federal e senador eleito Major Olímpio (PSL-SP), futuro colega do Capitão.

"Eu tenho todo interesse que isso aconteça [Styvenson migrar para o PSL], mas não conversei com ele ainda, não. Ele foi para a Rede por aquela questão da candidatura avulsa, mas eu vou convidá-lo, não tenha a menor dúvida. Aqueles que tiveram afinidade de propósito, ideias, vão ser muito bem-vindos", disse Olímpio ao Estadão/Broadcast.

Dos 30 partidos que elegeram parlamentares neste ano, nove não atingiram a cláusula de barreira: PCdoB, Rede, Patriotas, PHS, PRP, PMN, PTC, PPL e DC. Juntas, essas legendas fizeram 41 parlamentares que estão autorizados a trocar de partido - 32 deputados e nove senadores. É entre os nomes desta lista que o PSL busca viabilizar seu crescimento.

Na Câmara, a deputada eleita pelo Distrito Federal Bia Kicis (PRP) é um dos nomes que fazem parte dessa leva. Ela já confirmou que está migrando para o PSL. "O Bolsonaro me quer no partido", disse Bia, que acompanhou a apuração da votação no domingo na casa do presidente eleito.

A intenção da procuradora aposentada é presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara, o que não teria chances pela atual legenda. A comissão é a mais importante da Casa, por onde passam os principais projetos.

Dois deputados eleitos pelo PMN também afirmam que já receberam convite para se juntar ao PSL. Presidente do partido no Maranhão, Eduardo Braide (PMN-MA), prefere não falar de migração agora.

Ele estuda a fusão de seu partido com outras legendas, como o PHS ou Patriotas. "Não dando certo a fusão, vou estudar o convite", afirmou. Seu colega de legenda, Pastor Gildenemyr (PMN-MA) também confirma que recebeu o convite e disse que estuda a migração. Ele afirmou que há uma demanda do seu eleitorado, o público evangélico do Estado, para que entre para o partido de Bolsonaro.

"Não estamos querendo cooptar ninguém, mas estamos de braços abertos para esses deputados, desde que eles não venham de partidos de esquerda", disse o deputado eleito Luciano Bivar (PE), que reassumiu o comando do PSL no início desta semana.

Senado

Além do Capitão Styvenson, outro nome que será alvo de assédio do PSL no Senado é o do Delegado Alessandro Vieira (Rede-SE). Ele declarou apoio a Bolsonaro no segundo turno. Porém, a exemplo dos parlamentares do PMN, aguarda uma eventual fusão da Rede com outras legendas, como o PPS, para decidir se vai ou não continuar na atual sigla.

A intenção do PSL ao aumentar a bancada no Senado é ter mais força para conquistar um cargo como a Primeira Secretaria da Mesa Diretora. O posto é considerado estratégico para definir os rumos da pauta na Casa. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".