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Advogada de megatraficantes brasileiros é assassinada no Paraguai

Laura Marcela Casuso, advogada do traficante Marcelo Piloto, é assassinada no Paraguai - Jorge Adorno - 28.dez.2017 / Reuters
Laura Marcela Casuso, advogada do traficante Marcelo Piloto, é assassinada no Paraguai Imagem: Jorge Adorno - 28.dez.2017 / Reuters

José Maria Tomazela

Sorocaba

13/11/2018 20h30

A advogada argentina Laura Marcela Casuso, de 54 anos, que defendia o narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, foi assassinada a tiros, na noite desta segunda-feira, 12, em Pedro Juan Caballero, na fronteira do Paraguai com o Brasil. Conforme a polícia paraguaia, a morte está relacionada com a guerra entre facções brasileiras para o controle do tráfico na região.

Laura atuava também na defesa do traficante Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto, ligado à facção carioca Comando Vermelho e preso no Paraguai desde dezembro de 2017.

A advogada foi atingida por oito disparos de pistola 9 mm quando saía de uma reunião, no centro da cidade, para atender a um telefonema. Segundo a polícia, ela foi alvo de uma emboscada quando se preparava para entrar em seu carro, uma SUV Range Rover, com placa brasileira do município paulista de Santana de Parnaíba.

Laura chegou a ser levada para um hospital, passou por uma cirurgia, mas não resistiu. Conforme o secretário de Segurança Pública de Pedro Juan Caballero, Teófilo Giménez, a suspeita é de que os assassinos sejam brasileiros. O crime aconteceu a 400 metros da linha de fronteira e os atiradores estavam a bordo de uma Toyota Hillux que teria sido furtada no Brasil.

Uma das hipóteses é de que a advogada tenha sido morta a mando de um de seus clientes. O Comando Vermelho divulgou recentemente vídeo em que ameaça matar a procuradora-geral do Paraguai, Sandra Quiñonez, em represália ao tratamento dado a seu líder, Marcelo Piloto, preso no país desde dezembro passado. Dias antes, o traficante havia declarado que pagava para receber proteção de um alto oficial da Polícia Nacional do Paraguai, o diretor geral de Investigações Criminais Alberto Cañete. O comissário negou a acusação.

Foi a advogada quem organizou a entrevista coletiva em que, da prisão, o traficante carioca Marcelo Piloto, afirmou ter feito o pagamento de propina a oficiais da Polícia Nacional do Paraguai. Considerado um estrategista do Comando Vermelho, responsável pelas rotas de drogas e armas, Piloto foi condenado a 26 anos de prisão pela Justiça do Rio de Janeiro e teve pedida sua extradição para o Brasil.

Polícia paraguaia encontrou carro-bomba

Na coletiva, no início deste mês, o traficante brasileiro também assumiu crimes que teria praticado no Paraguai, o que seria uma estratégia para não ser extraditado, já que teria de responder pelos crimes à justiça paraguaia. No dia 4 de outubro, com a ajuda da PF brasileira, a polícia paraguaia prendeu cinco traficantes que planejavam resgatar Piloto. Semanas depois, um segundo plano de resgate com o uso de carros-bomba levou o Ministério Público a declarar o preso "terrorista".

Por sua vez, Jarvis Pavão é apontado pela polícia brasileira como um dos maiores fornecedores de cocaína para o Brasil. Preso no Paraguai, ele foi extraditado para o Brasil em dezembro de 2017 e cumpre pena de 17 anos e 8 meses no presídio federal de Mossoró (RN). Laura era argentina, falava português fluentemente e costumava circular pelo Brasil.

Ela teria atuado também na defesa do traficante Elton Leonel Rumich da Silva, o Galã, de 34 anos, preso em março deste ano, no Rio de Janeiro, com documentos falsos.

Região vive disputa intensa desde 2016

Pavão e Galã são suspeitos de envolvimento no atentado que matou o megatraficante Jorge Rafaat Toumani, em Pedro Juan Caballero, em junho de 2016, desencadeando uma guerra na fronteira. Até então considerado 'intocável', o chefão das drogas foi atingido por disparos de metralhadora ponto 50 que destruíram o veículo em que estava, um Hammer blindado.

Ao menos 50 mortes, nos últimos dois anos, são atribuídas à rivalidade entre as facções brasileiras pelo controle da fronteira. Em um 17 de outubro, cinco pessoas supostamente ligadas ao tráfico internacional foram executadas a tiros, em Pedro Juan Caballero e na cidade brasileira de Ponta Porã. Uma das vítimas, o piloto brasileiro Mauro Alberto Parreira Espíndola, de 58 anos, trabalhou para o narcotraficante carioca Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, também preso na penitenciária de Mossoró.