Andreza Matais

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Reportagem

Governo do AP promove Alcolumbre em festa de Réveillon de R$ 3,4 mi

O governo do Amapá utilizou politicamente o anúncio da festa de Réveillon que terá como atração principal o show do cantor Roberto Carlos. No anúncio do evento, que irá durar quatro dias ao custo de R$ 3,4 milhões para os cofres públicos, o governo local enaltece o senador Davi Alcolumbre (União).

Do total dos recursos, R$ 1,7 milhão sairão do caixa próprio do governo estadual, e o restante será de emenda dos deputados estaduais Jack JK (R$ 1 milhão) e Júnior Favacho (R$ 734,7 mil). Segundo o IBGE, o Amapá está entre os nove estados mais pobres do país.

"A programação conta com quatro noites de festa viabilizadas pela iniciativa privada, em união com o Ministério do Turismo, o senador Davi Alcolumbre e o Governo do Estado", informa. O senador deve ser eleito presidente do Congresso em fevereiro. Os nomes dos deputados que direcionaram emendas não são mencionados no texto do governo local.

"O evento será promovido com o apoio do nosso mandato para fomentar o turismo de eventos no Amapá", escreveu o senador no Instagram.

Procurada pela coluna, a assessoria de Alcolumbre informou que ele não direcionou emendas, mas o evento contou com seu "empenho em articular junto à iniciativa privada e governo federal através do Ministério do Turismo, os investimentos necessários para a sua realização" (leia mais abaixo). A coluna não conseguiu contato com o governo do AP. O ministro Celso Sabino é do partido de Alcolumbre e foi indicado por ele para a vaga. Perguntado pela coluna sobre como o governo Lula colaborou com uma festa no Amapá, ele não respondeu.

Os nomes das empresas que irão patrocinar o evento e que, segundo a assessoria, foram capitaneadas pelo senador não foram divulgados.

Contrato sem licitação

Não é possível detalhar como os R$ 3,4 milhões serão utilizados, uma vez que o governo estadual informa que os cachês dos artistas nacionais serão pagos por empresas privadas - o informe não diz quais.

O governo estadual repassou para uma ONG destinada a promover ensino profissionalizante a gestão dos milhões de reais. O contrato foi feito sem licitação.

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"Não há objeções que impeçam a Secretaria de Turismo de promover a parceria" com a inelegibilidade de licitação", diz o governo em documento público. "A celebração do Réveillon é um evento de grande importância cultural, social e econômica em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil", justificou.

O evento

O governo do Amapá informa que "a apresentação de Roberto Carlos, maior referência sonora do país", será patrocinada por "parceiros do setor privado, responsáveis pelo pagamento de cachês dos shows nacionais e dos apresentadores da programação, Giovanna Antonelli e Zeca Camargo, como uma estratégia para fortalecer a divulgação do Réveillon para todo o Brasil."

A festa irá de 28 a 31 de dezembro.

As empresas também irão bancar os cachês do DJ Alok, do cantor de forró eletrônico Ávine Vinny, Alceu Valença, João Gomes e Pablo do Arrocha. O governo não informa quais empresas bancam os cachês.

Leia íntegra da nota da assessoria de Davi Alcolumbre:

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O senador procurou a iniciativa privada para fomentar eventos como: Expofeira Agropecuária do Amapá (2023 e 2024), Carnaval do Meio do Mundo (2020, 2023 e 2024) e que, portanto, não seria diferente com o Réveillon do Amapá.

O evento contou com o mesmo empenho do senador em articular junto à iniciativa privada e governo federal através do Ministério do Turismo, os investimentos necessários para a sua realização.

Dessa forma, o Réveillon do Amapá não recebeu emenda parlamentar, mas a articulação do mandato para a sua execução.

O senador orgulha-se de promover o Amapá a nível nacional em eventos de grande porte e seguirá atuando fortemente nesse setor, reafirmando ainda que eventos como esses, além de entretenimento, fortalecem a economia e geram emprego e renda para o estado.

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