PF mira em Jucá e filho em ação sobre candidatas 'laranjas' do PSD de Roraima
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quarta-feira, 11, Operação Títeres, para investigar um esquema de candidaturas "laranjas" montado por um grupo em Roraima para fraudar e desviar recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha durante as eleições 2018.
As campanhas sob apuração são de candidatas pelo PSD e que receberam recursos tanto da própria sigla como do MDB, que fazia parte da coligação. Segundo fontes informaram ao jornal O Estado de S. Paulo, o ex-senador Romero Jucá e seu filho, Rodrigo Jucá, estão na mira dos investigadores, que consideram que ambos administravam o dinheiro e escolhiam quais as candidaturas receberiam mais recursos.
Em nota, a Polícia Federal disse que uma das candidatas investigadas teria recebido R$ 105 mil e obtido apenas nove votos. A PF não informou o número total de candidatas sob investigação e os valores totais envolvidos.
Os agentes cumprem seis mandados de busca e apreensão na capital do Estado, Boa Vista. As ordens foram expedidas pela 1ª Zona Eleitoral de Roraima. Os crimes sob investigação são a apropriação de valores de financiamento eleitoral, falsidade ideológica eleitoral e associação criminosa.
Segundo a PF, as investigações tiveram início após a constatação de que candidatas a deputadas federais e estaduais obtiveram um índice de "custo de votos" vinte vezes superior à média brasileira.
O desvio de recursos públicos para campanhas eleitorais, usando principalmente candidaturas "laranjas", é alvo de 221 inquéritos conduzidos pela Polícia Federal.
Outros 12 já foram concluídos, com o indiciamento de investigados. Entre eles, o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) e o deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), presidente nacional da legenda. Eles são apontados como beneficiários de esquema em Minas e em Pernambuco, respectivamente, em que candidaturas femininas "laranjas" nas eleições 2018 serviram para desvio de recursos do financiamento eleitoral.
Em Roraima, os investigadores da Títeres identificaram que, apesar dos recursos recebidos, algumas candidatas obtiveram número irrisório de votos, entre elas uma que teria recebido quase R$ 105 mil e obtido só nove votos.
A corporação suspeita que os recursos das candidaturas "laranjas" tenham sido destinados a candidatos que efetivamente disputariam as eleições ou utilizados para pagamentos de empresas de fachadas e serviços que não teriam sido executados.
A Polícia Federal indicou ainda que apesar das candidatas investigadas serem de um partido, a maior parte dos recursos destinados a elas seria proveniente de uma outra legenda. Ambos participavam de uma mesma coligação à época.
"A autorização e execução da transferência de recursos do Fundo de Financiamento Especial de Campanha dependeria da presidência estadual dos partidos, bem como deles também dependeriam a escolha de candidatos e a aprovação de suas respectivas prestações de contas", afirmou a PF.
A Títeres apura os crimes de participação em associação criminosa, falsidade ideológica eleitoral apropriação de valores do financiamento eleitoral. As penas de tais delitos, somadas podem chegar a 14 anos, informou a PF.
O nome da operação, segundo a Polícia Federal, faz referência aos fantoches movidos por meio de cordas ou pelas mãos dos controladores.
Defesas
Procurada, a defesa de Romero Jucá afirmou que não tem conhecimento de qualquer investigação sobre o ex-senador envolvendo candidaturas laranjas. O espaço está aberto para manifestações de citados.
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