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Pronunciamento na TV sobre manifestação foi para 'repensar ato', diz Bolsonaro

Daniel Weterman, Emilly Behnke e Pedro Caramuru

Brasília

16/03/2020 12h17

O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer nesta segunda-feira (16) que não fez convocação para as manifestações pró-governo ocorridas no domingo. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Bolsonaro disse que seu pronunciamento em rede nacional foi para repensar as manifestações. "Não houve protesto nenhum, eles estavam em grande parte fazendo um movimento pelo Brasil", defendeu.

Apesar de orientar que a população não fosse às ruas em sua fala na televisão, Bolsonaro acompanhou de carro a manifestação ontem no centro de Brasília. Ele chegou a cumprimentar vários apoiadores na frente do Palácio do Planalto, contraindo as orientações médicas de isolamento e as indicações do Ministério da Saúde sobre a pandemia de coronavírus. "Cumprimentei pessoas para mostrar quem está com o povo", disse.

Bolsonaro opinou, contudo, que apesar de preocupante há um "superdimensionamento" e "histeria" em relação à situação do coronavírus. Ele afirmou ainda que não pode cumprir o isolamento. "Não posso esperar mais cinco dias para resolver questões importantes", comentou.

Repercussão

O presidente foi criticado por autoridades pela atitude de quebrar o isolamento e ir às ruas, que foi chamada de "atentado à saúde pública" por Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), classificou o comportamento como "inconsequente".

Bolsonaro rebateu os comentários questionando o exemplo dado por Alcolumbre, Maia e João Doria (PSDB), governador de São Paulo, ao participar de um evento com 1.300 pessoas. O canal de notícias CNN Brasil realizou no último dia 9, na Oca do Ibirapuera, em São Paulo, a festa de lançamento da emissora com a presença de diversas autoridades, incluindo as citadas por Bolsonaro e também representantes do governo, como o vice-presidente, Hamilton Mourão, e a secretária especial de Cultura, Regina Duarte.

Também estiveram presentes o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Bolsonaro estava no exterior cumprindo agenda nos Estados Unidos. No dia, havia 25 casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus no País - hoje o número passa de 200.

Para Bolsonaro, está em jogo uma disputa política por parte de Maia, Alcolumbre e Doria. "A elite política pode ir a evento com 1,3 mil pessoas e não posso chegar perto do povo?", questionou. O presidente reiterou que não fez um movimento contra o Legislativo ou o Judiciário. "Estamos em uma briga pelo poder, e serei fiel e quase escravo à vontade popular", declarou.