Pronunciamento na TV sobre manifestação foi para 'repensar ato', diz Bolsonaro
Apesar de orientar que a população não fosse às ruas em sua fala na televisão, Bolsonaro acompanhou de carro a manifestação ontem no centro de Brasília. Ele chegou a cumprimentar vários apoiadores na frente do Palácio do Planalto, contraindo as orientações médicas de isolamento e as indicações do Ministério da Saúde sobre a pandemia de coronavírus. "Cumprimentei pessoas para mostrar quem está com o povo", disse.
Bolsonaro opinou, contudo, que apesar de preocupante há um "superdimensionamento" e "histeria" em relação à situação do coronavírus. Ele afirmou ainda que não pode cumprir o isolamento. "Não posso esperar mais cinco dias para resolver questões importantes", comentou.
Repercussão
O presidente foi criticado por autoridades pela atitude de quebrar o isolamento e ir às ruas, que foi chamada de "atentado à saúde pública" por Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), classificou o comportamento como "inconsequente".
Bolsonaro rebateu os comentários questionando o exemplo dado por Alcolumbre, Maia e João Doria (PSDB), governador de São Paulo, ao participar de um evento com 1.300 pessoas. O canal de notícias CNN Brasil realizou no último dia 9, na Oca do Ibirapuera, em São Paulo, a festa de lançamento da emissora com a presença de diversas autoridades, incluindo as citadas por Bolsonaro e também representantes do governo, como o vice-presidente, Hamilton Mourão, e a secretária especial de Cultura, Regina Duarte.
Também estiveram presentes o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Bolsonaro estava no exterior cumprindo agenda nos Estados Unidos. No dia, havia 25 casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus no País - hoje o número passa de 200.
Para Bolsonaro, está em jogo uma disputa política por parte de Maia, Alcolumbre e Doria. "A elite política pode ir a evento com 1,3 mil pessoas e não posso chegar perto do povo?", questionou. O presidente reiterou que não fez um movimento contra o Legislativo ou o Judiciário. "Estamos em uma briga pelo poder, e serei fiel e quase escravo à vontade popular", declarou.
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