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Interior e litoral de SP pedem mais polícia para conter roubos

Cidades de SP pedem mais policiamento para conter roubos - Governo de São Paulo/Flickr
Cidades de SP pedem mais policiamento para conter roubos Imagem: Governo de São Paulo/Flickr

José Maria Tomazela

10/05/2022 16h57Atualizada em 10/05/2022 17h14

Com casos de violência e criminalidade em alta, cidades do interior e do litoral de São Paulo seguem a capital e pedem aumento no efetivo do policiamento ostensivo. No Guarujá, depois de dois ataques seguidos de quadrilhas fortemente armadas a instalações bancárias, a prefeitura conseguiu um reforço nas ações da polícia. Outras cidades da Baixada Santista e do litoral norte, como Praia Grande e São Sebastião, temem a migração de criminosos se o reforço não for estendido aos demais municípios. Cidades do interior, como Lorena, convivem com aumento na criminalidade e pedem mais polícia nas ruas.

O governo de São Paulo promete estender a Operação Sufoco, lançada na última quarta-feira, 4, na capital, para o restante do Estado. No lançamento, o governo anunciou que iria praticamente dobrar o efetivo policial que atua na cidade de São Paulo, na tentativa de frear a onda de furtos e roubos que têm assustado os moradores nas últimas semanas.

A quantidade de policiais em operação deve passar dos atuais 5 mil para 9.740. O aumento de tropa será feito através da Operação Delegada, por meio de jornada extra a ser paga pelo próprio governo aos policiais de folga.

No mesmo dia em que o governo anunciou mais polícia nas ruas da capital, 15 criminosos fortemente armados invadiram uma agência bancária no distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá, e tentaram explodir três caixas eletrônicos. A PM cercou o local e houve troca de tiros. O barulho de disparos de armas potentes e das explosões, na região central do distrito, deixou a população em pânico. Os bandidos fugiram.

No dia 13 de abril, cerca de 20 criminosos armados com fuzis tentaram assaltar os caixas eletrônicos de um hipermercado, na Praia da Enseada, também no Guarujá. Os bandidos incendiaram um carro para bloquear um túnel e espalharam explosivos para evitar a perseguição. As ações aterrorizaram os moradores e levaram a prefeita em exercício, Adriana Machado (PSD), a pedir uma reunião com os comandos da PM local e estadual.

Segundo a prefeitura, no encontro foi definida a Operação Maré Alta, com o envio de 28 viaturas e 56 policiais militares para atuação no município. Neste fim de semana, dez equipes das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) atuaram no município. A Comissão de Dirigentes Lojistas (CDL) do Guarujá apoiou a iniciativa e pediu que o reforço seja permanente. No primeiro semestre de 2021, a cidade registrou dois homicídios, número que subiu para três neste ano. Já os roubos caíram de 743 para 622, com média de 207 por mês.

Prefeitos teme migração do crime

Prefeitos de outras cidades do litoral também reivindicam mais policiamento. O prefeito de São Sebastião (PSDB), Felipe Augusto, teme que haja migração de criminosos, caso as operações não sejam realizadas em toda a região. "Tivemos casos recentes no Juquehy (praia do Juquehy) de furtos e sequestro relâmpago em que os marginais foram identificados como sendo do Guarujá", afirmou.

Augusto disse ter mantido contatos com o comando da PM para pedir mais policiais. "O cenário (da criminalidade) é preocupante e precisamos desse reforço. Estamos confiantes de que venha", disse.

A presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista, Raquel Chini (PSDB), prefeita de Praia Grande, disse que a região reivindica não só a reposição de policiais que se aposentaram ou foram afastados, como também o reforço para suprir o déficit de policiais em todas as cidades, por conta do aumento da população fixa e sazonal, que não se restringe apenas à temporada de verão. Em razão do trabalho em home office, devido à pandemia, o aumento populacional acontece nos fins de semana e também nos dias úteis.

Conforme a gestora, os municípios da Baixada Santista pedem reforço do policiamento o ano todo, mas só recebem durante a temporada. "A necessidade de ampliação do efetivo fixo é grande, tanto da Polícia Civil como da Militar para atender o fluxo de pessoas durante todo o ano. Hoje, a nossa região está além dos 1,8 milhão de habitantes, todo final de semana o fluxo de pessoas é intenso, o que torna o policiamento atual insuficiente", disse.

Em termos de estrutura material, Praia Grande está bem servida, segundo a prefeitura, contando inclusive com rádio patrulhamento aéreo, que tem papel importante na região.

Interior vê alta de violência

A prefeitura de Lorena, no Vale do Paraíba, também já pediu reforço no policiamento ao Estado. A cidade se tornou uma das mais violentas de São Paulo. De janeiro a março deste ano, sete pessoas morreram assassinadas, mais que o triplo do mesmo período do ano passado, quando houve dois homicídios. No primeiro trimestre de 2020, tinham sido 5. Os roubos também cresceram de 43 em 2021 para 55 este ano, no mesmo período, segundo estatística da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado.

Em um dos casos de violência, no dia 24 de abril, três jovens de 20, 21 e 34 anos foram encontrados mortos com marcas de tiros, no bairro Aterrado. Eles tinham antecedentes e a polícia investiga possíveis execuções.

Dois dias antes, duas jovens de 26 anos e uma de 19 anos foram baleadas por três homens, no bairro Cecap. A mais jovem morreu, as outras foram hospitalizadas. Neste domingo, 8, um novo homicídio: um homem de 39 anos foi executado com nove tiros no bairro Novo Horizonte. O crime aconteceu quando a cidade recebia o reforço de policiais da cavalaria no policiamento das ruas, mas não houve aumento no efetivo local.

As 93 cidades da região de Ribeirão Preto receberam 131 novas viaturas para a PM nas últimas semanas. Conforme o capitão Jesus de Oliveira Júnior, o patrulhamento será ampliado por meio da atividade delegada. Já a prefeitura de Ribeirão Preto informou desconhecer qualquer ampliação no efetivo policial da cidade por parte do Estado. Os homicídios caíram de 13 para 11 no primeiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado, mas os roubos subiram de 570 para 653.

Uma parte da Operação Sufoco do governo paulista contra a criminalidade chegou também a Campinas, no interior de São Paulo, na última quinta-feira, 5. Pela primeira vez, a PM local contou com apoio do Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran) de São Paulo na abordagem a motoristas. Como na capital, o foco foram motocicletas, a fim de conter os roubos cometidos por falsos entregadores.

De acordo com o tenente-coronel Adriano Augusto Leão, do 8º Batalhão da PM de Campinas, a operação disponibiliza maior efetivo nas ruas para aumentar a sensação de segurança. Para pagar os policiais extras serão usadas as diárias especiais por jornada extraordinária de trabalho.

O número de homicídios em Campinas subiu de 28 no primeiro trimestre do ano passado para 36 nos primeiros três meses de 2022. Já os roubos aumentaram de 1.243 para 1.448 ocorrências.

Em Jundiaí, a prefeitura se antecipou à ação do governo estadual e iniciou processo seletivo para contratar 50 novos guardas municipais, ampliando o efetivo da corporação para 414 guardas. Também investe R$ 50 milhões em uma central de inteligência e monitoramento para melhoria da segurança na cidade.

"O município de Jundiaí trabalha em convergência com o planejamento das forças policiais estaduais, com o objetivo de imprimir maior racionalidade na atuação da segurança e com mais efetividade nos resultados, especialmente no aumento da sensação de segurança e redução dos índices de criminalidade", disse, em nota.

Secretaria prevê ampliação de operação para todo o Estado

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a Operação Sufoco foi implementada inicialmente na região metropolitana de São Paulo e será ampliada gradativamente para todo o Estado. Conforme a pasta, o policiamento ostensivo já foi intensificado em todo o Estado por meio de diversas operações e ações integradas das polícias para combater a criminalidade, em especial nos grandes corredores de trânsito, áreas de maior incidência de ocorrências e pontos de desordens.

"O objetivo é ampliar a sensação de segurança da população e combater todos os tipos de delitos, incluindo os crimes contra o patrimônio, com a presença e permanência de policiamento em pontos estratégicos e maior circulação de pessoas e veículos", disse, em nota.