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Sorocaba anuncia barreiras para conter migração da Cracolândia

 Rua Helvétia voltou a ser dominada pelos usuários da cracolândia, em São Paulo, nesta segunda-feira (23) -  WAGNER VILAS/AGÊNCIA O DIA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Rua Helvétia voltou a ser dominada pelos usuários da cracolândia, em São Paulo, nesta segunda-feira (23) Imagem: WAGNER VILAS/AGÊNCIA O DIA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Sorocaba

03/06/2022 20h29

A partir de 10 de junho, Sorocaba terá barreiras em rodovias e no terminal rodoviário intermunicipal para conter a migração de usuários de drogas da Cracolândia, na capital. A medida foi anunciada nesta sexta-feira, 3, pelo prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), que também preside a região metropolitana de Sorocaba. Segundo ele, nos últimos 30 dias foi identificada a chegada de mais de 60 dependentes químicos vindos da Cracolândia - sete nesta semana. A migração coincide com o avanço nas ações da Polícia Civil e da Guarda-Civil nas áreas ocupadas pelos dependentes químicos na capital.

Conforme a prefeitura, as chamadas 'barreiras humanitárias' serão montadas no entorno da rodoviária, que é ponto de desembarque das linhas de ônibus intermunicipais e interestaduais, e em trechos das rodovias que cortam o município.

"Vamos abordar as pessoas que estão chegando na cidade para saber qual sua origem e já será oferecida ajuda, por meio da Secretaria da Cidadania, e da coordenadoria da saúde mental, com apoio da força policial em caso de serem pessoas procuradas pela Justiça", disse o prefeito, após reunião com prefeitos de 13 municípios do entorno.

O plano é encaminhar as pessoas para tratamento em comunidades terapêuticas ou para as cidades de origem. Segundo ele, para que a contenção dessa migração funcione é preciso uma abordagem regional. A expectativa é de que outras cidades também adotem as barreiras.

Manga anunciou ainda a criação de um comitê regional, em parceria com o Governo do Estado, e a realização de um censo para identificar as pessoas e suas origens. Representantes das polícias Civil e Militar participaram do encontro. Conforme o prefeito, o comitê deverá oferecer as vagas que já foram disponibilizadas pelos governos estadual e federal para o tratamento de usuários de drogas, já que a maioria dessas pessoas necessita de internação e tratamento. Segundo a prefeitura, 60% dos moradores de rua de Sorocaba procedem de outras cidades.

A vereadora Fernanda Garcia (PSOL), da Câmara de Sorocaba, criticou as medidas anunciadas. "Tratar as pessoas em situação de rua e dependentes químicos somente pelo olhar dos agentes das polícia, no intuito de reprimir e não cuidar de maneira correta desses seres humanos, é uma evidência clara da tentativa de ações de higienismo social", disse.

Coordenadora estadual de Políticas sobre Drogas, Eliana Borges informou que o governo estadual irá disponibilizar vagas para tratamento de usuários de drogas, mas apenas para internação voluntária daqueles que concordarem em se tratar, por meio do Programa Recomeço. Nesses casos, serão oferecidas vagas em comunidades terapêuticas. Conforme a prefeitura, o governo federal sinalizou a possibilidade de ampliação de 50 para 530 vagas de internação para dependentes químicos na Região Metropolitana de Sorocaba.